quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Como Resumir

Todo estudante tem dificuldades para resumir, achar a idéia principal do texto, esquematizar, enfim, nunca aprendemos a fazer tal coisa; é algo que vem acontecendo desde o periodo pré-escolar.

Indicações e Técnicas Para Facilitar o Resumo e a Sintese do Texto

1) Dificuldades em resumir:

1.1- Dificuldades inerentes ao próprio tipo de personalidade do estudante- Diante do estilo psicológico de cada individuo, temos os niveladores que possuem uma capacidade maior de sistematizar, e os aguçadores que possuem capacidade maior de analisar, abordando diferenças entre as coisas. Tem que haver discernimento entre o que é principal e o que é secundário, fazendo com que o leitor transcreva tudo ou quase tudo que se lê.
1.2- Dificuldades de compreensão do texto- Quando o conteúdo é dificil compreensão, há a necessidade portanto de primeiro compreendê-lo para depois resumi-lo. As vezes, o autor não expõem suas idéias de maneira clara e objetiva, forçando o leitor a fazer uma investigação prévia do assunto.

2) COMO ENCONTRAR A IDÉIA PRINCIPAL:

Tem que haver um propósito daquilo que se está lendo como por exemplo:
. idéia do assunto;
. essência do assunto.
Porém, a idéia principal pode ser extraida de um parágrafo, capitulo ou seção.

2.1- PARÁGRAFO: Todo parágrafo contém somente uma idéia principal, geralmente começa com uma frase importante e depois é feita a explicação; no final, existe sempre uma frase que o resume. Neste caso, a idéia principal está no inicio do parágrafo. Todavia, o contrário também ocorre, onde a idéia principal é colocada no final do parágrafo. Também com certos autores, como em trechos narrativos e descritivos, a idéia principal não se encontra somente em uma oração, mas sim, em frases elaboradas esteticamente, neste caso, faz-se portanto um esquema do parágrafo para extrair a idéia principal.

2.2- CAPITULO, SEÇÃO OU OBRA: Quando a idéia principal está além do parágrafo, primeiramente fazemos o exame inicial, que requer percorrer toda obra, começando do indice, titulos e subtitulos, procurando captar o plano seguido pelo autor; posteriormente é que se faz a leitura. A maioria dos autores possuem um plano para desenvolver uma obra. Por exemplo, num trabalho cientifico, o autor apenas expõe e não usa de persuasão, apenas prova uma teoria. Portanto, antes de fazermos qualquer leitura, devemos identificar o tipo de atividade do autor, ou o tipo de obra. Em toda obra de investigação cientifica, existe o uso do método indutivo, onde ocorre a dedução de idéias mais gerais e as mais especificas. Isto ocorre dentro de uma estrutura lógica de demonstração através de proposições, ou seja, numa proposição coloca a idéia principal e nas outras proposições os argumentos de comprovação. Segundo esta linha de compreensão, todas as outras atribuições feitas no decorrer do desenvolvimento do trabalho, serão detalhes ou acessórios. Por isso, há a necessidade de se empregar esquemas, para diferenciar o principal do detalhe importante.

EXEMPLO DE UM ESQUEMA ( INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA)

n Objeto- (o que é ?)- são seres ou individuos, grupos, elementos;
n Circunstância- (sob que condições ?)- circunstâncias que foi analisado o objeto, afetando-o;
n Estimulo- (por quê?)- condições usadas para afetar o objeto;
n Resposta- (como?)- é a reação do objeto em relação ao estimulo, aos efeitos.

O próprio autor usa de esquemas para comprovar sua teoria, antes de afirmar qualquer coisa. Ás vezes, há a necessidade de obtermos informações do autor e de suas obras, para depois captarmos a idéia principal e os detalhes; isso nos ajuda a compreender o estudo que o autor usa e a técnica de exposição do mesmo.

3) COMO ENCONTRAR DETALHES IMPORTANTES:

Existem certas técnicas p/ localizar detalhes importantes, pois a idéia principal e os detalhes, formam juntos uma estrutura.
Um detalhe importante pode ser apresentado da seguinte forma:
n como sendo um fato importante em relação a idéia principal;
n sob a forma de exemplificação;
n como termos concretos á idéia principal.

Para se encontrar um detalhe importante na hora da leitura, depende muito do propósito do leitor como por exemplo, avaliar o que se lê, pois um leitor jamais deverá ser passivo e aceitar tudo, sem usar o censo critico (todo ser humano o possui). Porém, quando ocorre divergência do leitor para com o autor, há a necessidade de investigar o porquê? È só com esta investigação ou avaliação critica do texto, que se localizará a(s) idéia(s) principal(ais) e os detalhes importantes. Tudo que formos ler, antes tem que haver um propósito especifico.

4) TÉCNICA DE SUBLINHAR:

Esta técnica não deixa de Ter o seu valor, é preciso primeiramente examinar cada capitulo marcando com um simbolo o que geralmente iriamos sublinhar, depois, após o término da leitura, busca-se então a idéia principal, detalhes importantes, termos técnicos; isto sim deve ser sublinhado. Jamais devemos esquecer que quando formos ler aquilo que sublinhamos, é preciso que consigamos ler obtendo o significado e sincronia.

5) TÉCNICA DO ESQUEMA:

É a forma mais indicada para se tomar nota e estudar, devido a várias razões:

n ajuda assimilar a matéria, pois o esquema é uma técnica ativa onde se toma nota e reescreve.
n Facilita-nos repassar o que lemos e aprendemos, principalmente em situações de comunicações em público.
n Ajuda-nos a relacionar o que lemos como um todo e não em partes.
n Também nos permite compreender para estabelecer portanto, um plano lógico das idéias.

5.1- CARACTERISTICAS DE UM ESQUEMA:

a) Deve ser fiel ao texto original, contendo idéias do autor sem alterações;
b) O assunto esquematizado deve Ter uma lógica de posse com a idéia principal e detalhes importantes;
c) Deve ser útil e flexivel, adaptando-se portanto ao tipo de matéria que se estuda;
d) O esquema como foi dito, deve ser útil e portanto ajudar e não atrapalhar, facilitando a consulta ao texto quando houver necessidade;
e) Deve Ter cunho pessoal, é por isto que o esquema de uma pessoa raramente serve de compreensão para outra pessoa;
f) Quanto a flexibilidade, o esquema tem que estar de acordo com a realidade e está é dinâmica, quando por exemplo, surge nova situação ou fato novo, este, terá condições de entrar no esquema sem que o esquema seja inutilizado por completo, havendo portanto reestruturação do esquema.

5.2- INDICAÇÕES PRÁTICAS PARA ELABORAÇÃO DE ESQUEMA:

Esboço inicial á partir dos titulos e subtitulos;
Colocar titulos gerais numa margem e subtitulos em outra;
Adotar sistema de colchonetes, chaves, colunas;
Adotar sistema de numeração ou algarismos romanos, letras maiusculas ou minúsculas para indicar divisão e subdivisão;
Uso de simbolos convencionais e abreviaturas.
Portanto, para aprendermos a resumir devemos primeiro adquirir o hábito de ler e escrever.

Introdução

O estudo eficiente depende da técnica da leitura. O estudante como o trabalhador intelectual tem necessidade de ler constantemente. Investigações já foram feitas e concluiram que o sucesso nas carreiras e atividades do mundo moderno está em relação direta com o hábito da leitura proveitosa: há, no minimo, a necessidade de se obterem as informações exatas no lugar e no momento oportunos e a de aperfeiçoamento profissional, cujo processo é comunicado nos livros, textos e outros recursos que exigem leitura e estudo. O que é uma leitura proveitosa, quais as técnicas que empregadas, levam a adquirir a capacidade de realizá-la, será o objeto deste capitulo. Completa o anterior e será completado pelos dois subsequentes (o terceiro, que trata da habilidade de resumir, e o quarto, da documentação pessoal): os quatro comunicam o instrumental básico do trabalhador intelectual moderno em condições de produzir cientifica e tecnicamente. O estudante e o responsável por um trabalho cientifico enfrentam um problema comum: Ter de consultar e ler uma quantidade imensa de material escrito indicado pelas fontes, bibliográficas e documentação. A cada ano, a explosão bibliográficas, mesmo a especializada, aumenta assustadoramente. A ciência, sob certo aspecto, é um processo cumulativo e não um produto acabado; o trabalhador intelectual tem necessidade de se atualizar. Consegui-lo é um desafio. Da parte do leitor, só será superado através de método e habilidades. Neste caso, método e habilidades se resumem em:

a) Saber selecionar o que se deve ler;
b) Saber ler com a maior velocidade e o maior proveito possiveis.

Mas para atingir esse objetivo é preciso que o interessado comece a medir suas possibilidades: que espécie de leitor é, quais as suas condições e seu poder de decisão em desenvolver habilidades, através de treinamento. Por isso, começarei pela análise dos requisitos do “bom leitor”. Em seguida é que apontarei as técnicas da leitura proveitosa. Procuro, dentro da diretriz que venho adotando desde o inicio, ser direto e prático. A exposição será concisa e até esquemática em alguns momentos. Mas o que indicar é fruto de investigações, não são normas de bom senso. Caberá ao leitor, caso necessitar, decidir por algo a mais que este capitulo apresenta: ler algum manual que traga respostas a problema especifico que não foi identificado ou, talvez realizar um curso de “leitura dinâmica”. Entretanto, posso garantir que muitos estudantes universitários que se dispuserem a praticar, dentro de um periodo razoável de treinamento individual, as indicações aqui apresentadas obtiveram êxito, segundo confessaram. Uma bibliográfia minima, mas cuidadosamente selecionada, é indicada no final deste manual. Atentará provavelmente ás necessidades do interessado. Além da leitura, o trabalhador intelectual, soberano quando assume a responsabilidade de fazer um trabalho cientifico, necessita saber analisar cientificamente os textos que lê e consulta. Daí por este capitulo, nesta edição revista, ficou enriquecido com uma seção sobre “analise de texto”.

1- Comparação Entre o Bom e o Mau Leitor:

Á primeira vista parece fora de propósito a epigrafe acima. Poder-se-ia objetar que se trata de um problema de valor e seria ocioso, numa perspectiva cientifica, estabelecer um confronto entre “bom” e “mau”, pois se torna um julgamento bastante subjetivo. Sem discutir o mérito e a procedência desse ponto de vista, que nos transportaria, provavelmente, para um terreno mais abrangente- o valor nas mensurações cientificas, a colocação merece uma justificativa. A experiência e a observação têm mostrado um fato bastante frequente: há muitas pessoas que “lêem” e há pessoas que “sabem ler”. Muitas sobretudo quando têm consciência do problema, pagam um tributo caro a hábitos formados desde a escola primária e que as condicionaram a ler sem saber ler. É pelo problema de hábitos negativos de leitura que se volta o interesse em rotular a pessoa de “mau leitor”, e o “bom leitor”, consequentemente, passa a significar aquele que tem habilidades eficientes de leitura. Introduzir alguém no conhecimento das habilidades de leitura, antes de levá-lo a uma auto-análise, parece não ser o caminho indicado. É por isso que se estampa diante do interessado o quadro a seguir onde é possivel descobrir seu “perfil de leitor”. Á medida que esse quadro vai desenrolando, os aspectos positivos e negativos vão sendo identificados e as necessidades especificas de cada um vão sendo colocadas em termos concretos. Ao término dessa atividade, a análise já estará praticamente feita e a pessoa terá condições de decidir pelo que lhe interessar mais perto. O quadro é baseado num esquema semelhante elaborado por WITTY (177), que o produziu, porém, de maneira sumária e sem a intenção pedagógica aqui proposta. Não se trata de um teste de psicologia, pois do teste psicológico tem apenas a caracteristica da objetividade (o quadro deriva de conclusões de pesquisas feitas a respeito de habilidades de leitura que os estudantes têm) e funciona como estimulo para a reação do leitor. Convém que você leia o quadro pausadamente, um item de uma coluna e logo a seguir o correspondente na outra coluna. Á medida que for identificando pontos positivos e pontos
negativos, assinale-os. Depois reveja-os e estabeleça o esquema de suas necessidades concretas para
desenvolver hábitos de leitura veloz e procedente.

Bom leitor
Mau leitor
Bom leitor
Mau leitor
O bom leitor lê rapidamente e entende bem o que lê. Tem habilidades e hábitos como:
1. Lê com objetivo determinado. Ex:aprender certo assunto, repassar detalhes, responder a questões.
2. Lê unidades de pensamento. Abarca, num relance, o sentido de um grupo de palavras. Relata rapidamente as idéias encontradas numa frase ou num parágrafo.
3. Tem vários padrões de velocidade. Ajusta a velocidade da leitura com o assunto que lê. Se lê uma novela, é rápido. Se livro cientifico para guardar detalhes, lê mais devagar para entender bem.
4. Avalia o que lê. Pergunta-se frequentemente: Que sentido tem isso para mim? Está o autor qualificado para escrever sobre tal assunto? Está ele apresentando apenas um ponto de vista do problema? Qual é a idéia principal deste trecho? Quais seus fundamentos?
5. Possui bom vocabulário. Sabe o que muitas palavras significam. É capaz de perceber o sentido das palavras novas pelo contexto. Sabe usar dicionários e o faz frequentemente para esclarecer o sentido de certos termos, no momento oportuno.
6. Tem habilidades para conhecer o valor do livro. Sabe que a primeira coisa a fazer quando se toma um livro é indagar de que trata, através do titulo, dos subtitulos encintrados na página de rosto e não apenas na capa. Em seguida lê os titulos do
O mau leitor lê vagarosamente e entende mal o que lê. Tem hábitos como:
1. Lê sem finalidade. Raramente sabe por que lê.
2. Lê palavra por palavra. Pega o sentido da palavra isoladamente. Esforça-se para juntar os termos para poder entender a frase. Frequentemente tem de reler as palavras.
3. Só tem um ritimo de leitura. Seja qual for o assunto, lê sempre vagarosamente.
4. Acredita em tudo o que lê.para ele tudo o que é impresso é verdadeiro. Raramente confronta o que lê com suas próprias experiências ou com outras fontes. Nunca julga criticamente o escritor ou seu ponto de vista.
5. Possui vocabulário limitado. Sabe o sentido de poucas palavras. Nunca relê uma frase para pegar o sentido de uma palavra dificil ou nova. Raramente consulta o dicionário. Quando o faz, atrapalha-se em achar a palavra. Tem dificuldade em entender a definição das palavras e em escolher o sentido exato.
6. Não possui nenhum critério técnico para conhecer o valor do livro. Nunca ou raramente lê a página de rosto do livro, o indice, o prefacio, abibliográfia etc, antes de iniciar a leitura. Começa a ler a partir do primeiro capitulo. É comum até ignorar o autor, mesmo
Autor .edição do livro. Indice. “orelha do livro”. Prefacio. Bibliográfia citada. Só depois é que se vê em condições de decidir pela conveniência ou não da leitura. Sabe selecionar o que lê. Sabe quando consultar e quando ler.
7. Sabe quando deve ler um livro até o fim, quando interromper a leitura definitivamente temporodicamente. Sabe quando e como retornar a leitura, sem perda de tempo e da continuidade.
8. discute frequentemente o que lê com colegas sabe distinguir entre impressões subjetivas e valor objetivo durante as discussões.
9. Adiquire livros com frequência e cuida de Ter sua biblioteca particular. Quando é estudante procura os livros de texto indispensáveis e se esforça em possuir os chamados clássicos e fundamentais. Tem interesse em fazer assinaturas de periódicos cientificos. Formado, continua alimentando sua biblioteca restringe a aquisição dos chamados “compendos” tem o hábito de ir direto ás fontes; de ir além dos livros de texto.
10. Lê assuntos vários. De livros, revistas, jornais. Em áreas diversas:tuação, ciência, história etc. habitualmente nas áreas de seu interesse ou especialização.
11. Lê muito e gosta de ler. Acha que ler traz informações e causa prazer.lê sempre que pode.
12. O bom leitor é aquele que não é só bom na hora da leitura. E bom leitor porque desenvolve uma atitude de vida é constantemente bom leitor. Não só lê como sabe ler.
Depois de terminada a leitura. Jamais seria capaz de decidir entre leitura e simples consulta. Não consegue selecionar o que vai ler. Deixa-se sugestionar pelo aspecto material do livro.
7. Não sabe decidir se é conveniente ou não intemrromper uma leitura. Ou lê todo o livro ou interrompe sem critério objetivo, apenas por questões subjetivas.
8. raramente discute com colegas o que lê. Quando o faz, deixa-se levar por impressões subjetivas e emocionais para defender um ponto de vista. Seus argumentos geralmente, derivam da autoridade do autor, da moda dos lugares comuns das tiradas eloquentes dos preconceitos.
9. Não possui biblioteca particular. Ás vezes é capaz de adquirir “metros de livro” para decorar a casa. É frequentemente levado a adquirir livros secundários em vez dos fundamentais. Quando estudante, só lê e adquire compendios de aula. Formado, não sabe o que representa o hábito das “boas aquisições” de livro.
10. Está condicionado a ler sempre a mesma espécie de assunto.
11. Lê pouco e não gosta de ler. Acha que ler é ao mesmo tempo um trabalho e um sofrimento.
12. O mau leitor não se revela apenas no ato da leitura seja silenciosa ou oral. E constantemente mau leitor, porque se trata de uma atitude de resistência ao hábito de saber ler.


Após auto-analisar-se é provável que o leitor queira aperfeiçoar seu hábito de leitura. Os meios de alcançá-lo serão fornecidos através das técnicas da “leitura veloz e proveitosa”.

2- Técnicas Para Tornar a Leitura Veloz e Proveitosa

A leitura não é simplesmente o ato de ler. É uma questão de hábito ou aprendizagem, que pressupõe:
a) uma teoria que fundamente o método;
b) uma estratégia a ser empregada;
c) um conjunto de técnas;
d) treinamento.
Não há, portanto, a pretensão de apresentar aqui técnas que, aplicadas desde o primeiro ensaio, transformem um “mau leitor”, em “bom leitor”, ou que melhorem o nivel de leitura de alguém. É preciso que, antes, o interessado se covença do fundamento teórico do método, para em seguida, utilizá-lo racionalmente e através de treinamento, no qual se comportará como aprendiz e instrutor de si mesmo: acompanhará seus resultados e corrigirá seus erros. Quanto á fundamentação teórica, não farei uma exposição minuciosa, a fim de não infringir a diretriz deste livro. Apenas comunicarei um esboço com as idéias elementares necessárias. Esta microteoria tem raizes behavioristas e gestaltistas. De certo modo está ligada ás idéias dos teóricos da personalidade e da aprendizagem, que têm, nos últimos anos, desenvolvido uma teoria associacionista: “estimulo organismo integrador reação”. (EOR). O condicionamento é um fato cientifico mas sabemos que não conseguiriamos explicar a aprendizagem da leitura apenas em termos mecanicistas de “estimulo-resposta” (ER), ao menos no estádio atual da ciência psicológica. Por isto é que é contraproducente colocar o aprendiz da leitura proveitosa dentro de uma situação em que certos estimulos (texto, relógio cronometrando tempo, questionário a ser respondido etc), repetidos periodicamente, venham a provocar a reação esperada. Talvez se consiga uma reação estereotipada. Justamente a reação estereotipada, da qual uma expressão concreta seria “ler sempre do mesmo modo, com o mesmo ritimo e automaticamente”, caracteriza o “ mau leitor”. Velocidade em leitura é sinal de “bom leitor”, mas não como traço exclusivo. É fundamental que o leitor saiba o que esteja lendo, compreenda o que está escrito e tenha condições de interpretar. Sua reação diante de um texto deve ser uma resposta dada após percepção pessoal da situação e interpretada dentro de um quadro de referência próprio. De certo modo é uma reação “calculada” e individual. Cada situação de leitura é uma situação tipica, cada leitor se distingue dos demais e, embora mantenha um padrão constante de comportamento, não reage sempre de maneira absolutamente idêntica. Por isso começará reagindo através de uma visão “gestálica”, da situação, compreendê-la-á e procurará um modo adequado de ler, descoberto por insight. Nesta breve exposição, está o fundamento teórico de método, da estratégia e das técnicas da “leitura proveitosa e veloz”. Durante vários anos empreguei este método entre estudantes universitários e confesso que os resultados foram bastante satisfatórios. Por outro lado, conheci vários casos de pessoas que frequentaram curso de “leitura dinâmica”, cuja programação deve Ter sido destituida de fundamento teórico ou só Ter-se preocupado com técnicas de condicionamento e adestramento; após dois meses de curso, várias delas demonstraram pouco aumento na velocidade e continuaram com velhos hábitos negativos. Em forma sucinta, são apresentadas as técnas de leitura veloz e proveitosa. Estão distribuidas dentro das seguintes áreas:
1) condições fisicas, fisiológicas e psiquicas;
2) a técnica da leitura oral;
3) o emprego dos olhos;
4) velocidade da leitura;
5) tipos de leitura;
6) vocabulário;
7) uso de obras de referência;
8) compreensão.

2.1- Condições fisicas, fisiológicas e psiquicas.
Antes de iniciar uma leitura e, particularmente, antes de iniciar o periodo de treinamento, é importante observar as seguintes condições:
a) Ambiente sossegado ou que o discernimento do leitor considere o mais adequado;
b) Luz em posição correta (que não fira diretamente os olhos e venha possivelmente da esquerda);
c) Procurar ler sempre no mesmo local e no mesmo horário (isso ajuda a condicionar o organismo);
d) Verificar se tem visão, audição e respiração normais; tente responder a estas perguntas: tem dificuldades em reconhecer as palavras? Em entender o que os outros dizem? Frequentemente pede para repartirem? Sente a vista embaralhar-se ao ler? Dor de cabeça depois de alguns minutos de leitura? (se respondeu afirmativamente, é sinal de que está precisando de uma visita ao médico);
e) Posição correta do livro: a mais indicada é a que forme um ângulo próximo de 90 graus com o tórax, a uma distância aproximada de 30 cm dos olhos (estes devem alcançar um ângulo de visão tal que toda a extensão da linha seja abarcada, sem movimento ocular);
f) Posição correta do corpo: a mais indicada é ficar assentado, formando a parte traseira das pernas com o chão um ângulo quase reto; mas cabe a cada um descobrir a posição mais adequada que não lhe traga prejuizo ao corpo, provoque sono, fadiga, rápida e outros incômodos;
g) Não ler tendo pensamentos que o preocupam e possam obstruir frequentemente a dinâmica da leitura: não trabalhar com duas idéias ao mesmo tempo (acaba não havendo definição de nenhuma). A maneira prática de solucionar o problema é lançar numa folha de papel as coisas que preocupam e determinar o horário e o meio de resolvê-las: após identificar por escrito os problemas, constatar-se-á que eles não eram tantos sérios como a imaginação pintava;
h) Ler com propósito definido e com decisão.

2.2- A técnica da leitura oral
Quem tem possibilidade de fazer leitura oral, convém que, de vez em quando, a exercite. A leitura oral é sempre indicada quando, após ler e reler um parágrafo ou trecho, ainda não se conseguiu captar-lhe o sentido. Já foi observado que:
a) O “bom leitor” é capaz de ler alto (caso não tenha impossibilidade fisica ou de outra procedência) com clareza e expressão;
b) Lê sem tropeços;
c) Todos o entendem e ele gosta do que lê;
d) Sabe fazer as pontuações e modulações com naturalidade e agrado;
e) Colocado numa situação de “teste”, em que se lhe pede para continuar pronunciando as palavras, após um sinal convencional, sem olhar para o livro, é capaz de dizer, no minimo, quatro palavras;
f) O “bom leitor”, revela-se pela leitura oral, porque não lê, mas interpreta através da leitura oral.

2.3- O emprego dos olhos
E o ponto mais importante, pois é através do aparelho visual que se dá a passagem e a transformação do material escrito, sensorialmente captado, em imagem perceptiva e mental. Os olhos obsorvem o que, instantaneamente, se torna compreensão.

2.3.1- Convém atentar para os seguintes dados e técnicas:
1) Qual a capacidade da sua visão na leitura? Seus olhos servem um grupo de várias palavras ao mesmo tempo? Se o seguem, provavelmente sua leitura é rápida e muito boa. Leia com os olhos, sem fazer pausa, estas três linhas:

Ela abandonou inteiramente a escola quando era ainda muito pequena sua irmã Júlia adotada numa familia de maiores recursos que a sua.

Se moveu os olhos sem parar, possivelmente não captou o sentido do que leu. Agora leia as linhas com sua velocidade usual:

Ela abandonou inteiramente a escola quando era ainda muito pequena sua irmã Júlia adotada numa familia de maiores recursos que a sua.

Durante este tempo, seus olhos tiveram movimento.
- parada.
- Movimento.
- Parada.
- Movimento.
- Parada.

Durante cada parada, os olhos se detêm num grupo de palavras ou numa palavra. Só durante a parada se pode captar o sentido do grupo de palavras ou da palavra. Enquanto os olhos se movem, não se atenta para o sentido das palavras. Talvez tenha agido assim:

Ela abandonou inteiramente a escola / (parada) / quando era muito pequena / (parada) / sua irmã Júlia / (parada) / adotada numa familia de maiores recursos que a sua / (parada).

Observe que o, número de palavras entre uma parada e outra não é sempre o mesmo. O primeiro grupo é de cinco; o segundo, de quatro; o terceiro, de três; o quarto, de nove.
A determinação desse número é, provavelmente, ditada pelo processo integrativo que frisei na fundamentação teórica do método: o leitor reage através da percepção que tem da situação e não automaticamente. Se fosse automática e mecânica sua reação, cada grupo teria o mesmo número de palavras. Aqui talvez exista um aspecto ideográfico internalizado que distingue o ritimo da leitura, por exemplo, do ritimo musical: este é matemático, pois a “extensão” do compasso se repete sucessivamente. A “cadência” do pensamento não é a mesma da sensibilidade. Há um certo “mistério” nisto: por que, por exemplo, uns leriam o mesmo trecho acima com aquela divisão de grupo de palavras e de pausas e outros com outra divisão? È instantâneo e imponderável o ato que liga o emprego dos olhos, a percepção, o pensamento e a reação do leitor. Inclusive porque, em situações como a das três linhas acima, há possibilidade de constatar ambiguidade, “quem era muito pequena: ela ou sua irmã Júlia?”. Alguns poderão Ter atinado com o sentido no primeiro ato de emprego dos olhos: talvez somente depois de um leve retrocesso é que teriam percebido que “muito pequena” era Júlia. O emprego da pontuação teria evitado a ambiguidade, pois deveria haver uma virgula após a palavra “escola” e outra após a palavra “Júlia”.
Campo de visão é o número de palavras que os olhos absorvem numa simples fixação. Há uma palavra enfocada e palavras á esquerda e á direita da enfocada. Quanto maior o número de palavras que um leitor absorve entre uma parada dos olhos e outra, maior será seu campo de visão. O “mau leitor”, porque tem o campo de visão estreito (por exemplo: lê palavras isoladas), tende a voltar a vista e liga palavras sem sentido. O resultado é que sua compreensão fica prejudicada. Então: quanto maior o campo de visão, melhor a leitura.

2) Qunato mais curta a pausa, melhor a leitura. O “bom leitor” tem pausas de fixação curtas. Por isso, sua leitura é rápida e lê com compreensão. Ao contrário do que muitos pensam, a atenção na leitura está em razão inversamente proporcional á demora da pausa de fixação, por isso quanto mais lenta for uma leitura mais facilmente a atençaõ cai. Como o nosso pensamento é muito rápido, as pausas longas se tornam propivias ao “vôo da imaginação” que se desprende do assunto lido para outras regiões longinquas. A lentidão na leitura provoca digressões mentais, fantasias e até cansaço.
3) Quanto mais raras as fixações, melhor a leitura. É um corolário do principio formulado no item 1 quanto ao campo de visão. O “mau leitor” se detém sobre quase toda palavra que e. numa linha de dez palavras, faz dez fixações. O “bom leitor” faria, talvez, duas, dependendo da frase, pois como vimos está em jogo a “internalização ideográfica” de cada um diante de cada texto.
4) Quanto mais raros os retrocessos, melhor a leitura. A leitura normal tem um movimento de um lado para o outro. Em português, por exemplo, se lê da esquerda para a direita (em outras linguas, como no hebraico, se lê no sentido inverso). Se ligarmos a primeira palavra á última de uma página, teremos uma linha diagonal (desta observação é que surgiu, talvez, a chamada “leitura em diagonal”). É possivel, portanto, ler tentando desenvolver, com o emprego dos olhos, um percurso em diagonal, fazendo com que o movimento se dê mais dentro da faixa diagonal do que na direção horizontal em que as palavras materialmente se encontram. Uma das habilidades a desenvolver para atingir este objetivo é passar celeremente da última palavra de uma linha para a primeira da linha seguinte (diagonal da direita para a esquerda), enfocando mais as palavras do meio e em direção das últimas palavras da página, conforme ilustração abaixo. É preciso frisar que assim como o “bom leitor” não lê palavra por palavra, também não lê linha por linha. Mas o que é mais importante neste item é evitar o mau hábito do retrocesso. O “mau leitor” faz muitos movimentos regressivos e demora a passar de uma linha para outra, o que não acontece com o “bom leitor”.
5) É possivel melhorar os movimentos dos olhos. Como? Comecemos por indicar o “teste do espelho”. Consiste no seguinte: convida-se um colega a sentar-se ao lado da mesa, onde se vai ler. Funcionará como observador. Eleva-se o livro cerca de sete centimetros e coloca-se um espelho horizontalmente sobre a mesa. O colega observará o ângulo de refração que lhe permita acompanhar o movimento dos
olhos do leitor. Através de anotações e com controle de relógio marcará: a extensão do campo de visão; o número de pausas de fixação; os retrocessos; e o tempo de parada entre um campo de visão e outro.
Outro teste é o do “projetor de slides”. Exige-se que uma pessoa prepare uma série de slides de textos (frases curtas) desconhecidos do leitor. Os textos são projetados rapidamente e o leitor é convidado a reproduzi-los imediatamente após a projeção. O número de palavras fixadas é computado em função do número de segundos. Uma mensuração mais perfeita poderia ser obtida com aparelhos especializados de laboratório de psicologia experimental. Testados o campo de visão e o ritimo de movimento ocular, é possivel melhorar o emprego dos olhos:
n Encurtando as pausas dos olhos;
n Reduzindo o número de fixações;
n Alargando o campo de visão;
n Combatendo a tendência de fazer frequentes retrocessos;
n Procurando ler “unidades de pensamento” (geralmente identificadas com os campos de visão) e não palavras isoladas;
n Esforçando-se por ler sempre adiante e fazer “paradas” apenas necessárias para absorver o que leu; só voltar atrás quando tiver dúvida real;
n Treinamento.





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