quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A Igreja

Introdução

A igreja, como "coluna e baluarte da verdade" (1 Timóteo 3:15), tem o privilégio e responsabilidade de espalhar o evangelho de Cristo. É abundantemente claro no Novo Testamento que esta era a alta prioridade na vida de Jesus e de seus seguidores. Se somos verdadeiramente seus discípulos, essa será também nossa prioridade. A missão da igreja é espiritual.

Após Jesus ressuscitar, ele deixou uma missão aos seus discípulos, de pregar o Evangelho a todas as nações e fazer discípulos (Mt 28:19). Para isto ele concedeu à sua igreja o poder e a unção do seu Espírito Santo traduzido em instrução, proteção e vitória na luta contra o mal, com a finalidade de expandir as fronteiras do Reino de Deus na terra. Na dupla missão de Jesus, uma das ordenanças era evangelizar e a outra fazer discípulos. Fazer discípulos envolve ter uma vida santificada e comprometida com Deus e com o próximo, em uma relação íntegra; por isso as perguntas ficam evidentes: Qual o verdadeiro sentido de ser cristão em um mundo tão conturbado e corrompido? Quais as responsabilidades da Igreja de Cristo no mundo? Paulo deixou-nos orientações sobre a Igreja no mundo (II Co 5.18,19), e uma das principais prioridades de Ser Igreja é ser constantemente agente reconciliador em todo conflito social.

A Igreja, por ser corpo de Cristo, extensão da ação de Cristo no mundo, na atualidade, como vem desempenhando os seus ministérios para com Deus e para com o próximo?
A Igreja é a comunidade separada e chamada por Cristo a viver sua missão para o Seu Senhor na terra; Quando falamos em Igreja, falamos de sua mais alta expressão: ela é comunidade. Nela, o Espírito Santo distribui dons aos seus membros, a fim de edificá-la e dar o correto ensino por meio das pessoas que Ele designou para fazer as tarefas. Como ela é o corpo de Cristo, entendemos que a ação exercida pelos seus membros, na verdade é a ação que o próprio Cristo exerce no mundo por intermédio dela. Evidência disso é quando Jesus disse aos Seus discípulos que eles realizariam obras maiores que as praticadas por ele em Seu ministério (Jo. 14.12). Assim, cabe a Igreja viver verdadeiramente esta verdade, com ousadia e coragem, pois Jesus sempre estará conosco, até a consumação dos tempos.


Significado e Aplicação do Nome “Igreja”


A tradução do grego ekklesia, que nos estados da Grécia significava a reunião dos cidadãos convocados as assembléias legislativas, ou para outros fins (At 19. 32, 41). Os escritores sagrados empregam esta palavra para designar uma comunidade que reconhece o Senhor Jesus Cristo como supremo legislador, e que se congregam para adoração religiosa (Mt. 16. 18; 18. 17; At. 2. 47; 5. 11; Ef. 5. 23, 25). Como os discípulos de Jesus se multiplicaram por diversas cidades, o plural igrejas começou a ser empregado, considerando como uma igreja à comunidade cristã de cada localidade (At. 9. 31; 15. 41; Rm. 16. 4; 1 Co. 7. 17; 1 Ts. 2. 14). A palavra também se emprega para designar a casa ou templo onde se reúne uma igreja particular. A doutrina protestante, a este respeito, que a igreja pode existir independente de ter uma forma visível, porque ela tanto é visível come invisível.

A igreja invisível se compõe de todos que estão realmente unidos a Cristo (1 Co. 1. 2; 12. 12, 13, 27, 28; Cl 1. 24; 1 Pe. 2. 9, 10). Não é uma organização externa. Os seus membros são conhecidos de Deus, ainda que não possam ser conhecidos com exatidão pela vista humana; muitos deles estão no céu, ou ainda estão por nascer.

A igreja visível consiste em todos que professam estar unidos a Cristo. Os apóstolos ocupavam uma posição especial de autoridade (At. 5. 2; 6. 6; 1 Co. 12. 28; Ef. 2. 20; 2 Pe. 3. 2), porém, eles não eram os únicos no governo da igreja: os anciãos, os bispos, também exerciam funções governativas (At. 15. 2, 4, 6, 22, 23; 1 Tim. 4. 14; 5. 17; 1 Pe. 5. 1). Os oficiais da igreja local eram os anciãos ou bispos e os diáconos (At. 6. 3; 14. 23; 20. 17; I Tm. 3. 1, 8; Tt. 1. 5-9).

Os apóstolos às vezes nomeavam comissões para serviços especiais (1 Tm. 1. 3; Tt. 1. 5). O culto público da igreja era modelado pelo culto da sinagoga; consistia de pregação (Mt. 28. 20; At. 20. l; 1 Co. 14. 19, 20‑36), leitura da Escritura (Tg. 1. 22; 1CO. 4. 16; 1 Ts. 5. 27; At 13. 15), oração (1 Co. 14. 14, 16), cânticos (Ef. 5. 19; 1Co. 3. 16; a hinos (Ef. 5. 14; 1 Tm. 3. 16); administração do batismo a da ceia do Senhor (Mt. 28. 19; At. 2. 41; 1 Co. 11. 18-34), e ofertas (1 Co. 16. 1, 2). Quando os dons espirituais se manifestavam, também havia a profecia e dom de línguas).

A Igreja é classificada como: adora­dores Hb. 10.2; amigos de Deus, Tg. 2.23; aprisco, Jo. 10.16; assembléia dos santos, Sl. 149.1; Hb. 10.25; co­luna e baluarte da verdade, I Tm. 3.15; candeeiro, Ap. 1.20; casa de Deus, 1 Tm. 3.15; cidade de Deus, Hb. 12.22; concidadãos, Ef. 2.19; cor­po de Cristo, Ef. 1.23; cristãos, 1 Pe. 4.16; crentes, At. 5.14; edifício de Deus, 1 Co. 3.9; esposa do Cor­deiro, Ap 21.9; exclusiva de Deus, I Pe 2.9; família de Deus, Ef. 3. 15; habitação de Deus, Ef. 2.22; habi­tacão de Sião, Is. 12.6; imagem de Seu Filho, Rm. 8.29; irmãos, Rm. 8.29; Israel de Deus, Gl. 6.16; Jeru­salém celestial, Hb. 12.22; Jerusalém lá de cima, Gl. 4.26; lavoura de Deus, 1 Co. 3.9; membros de Cristo, Ef. 5.30; monte Sião, Hb. 12.22; na­ção santa, I Pe. 2.9; noiva, Ap. 21.2; particular tesouro, Mt. 3.17; povo de propriedade exclusiva de Deus, 1 Pe. 2.9; primícias, Tg. 1.18; primogêni­tos, Hb. 12.23: ramos, Jo. 15.5; raça eleita; 1 Pe. 2.9; rebanho, Jo. 10.16; At. 20.28; reino dos céus, Mt. 13.38; santa cidade Jerusalém, Ap. 21.10; santuário de Deus, I Co. 3.16; Sião, Sl. 69.35.

A Palavra geralmente utilizada como tradução do termo grego genérico ekklesia, significa desde "reunião" a "assembléia" ou "congregação". Entretanto, o NT tende a usar a palavra em referência a todos os que, pela fé na pessoa e na obra de Cristo como a mais plena revelação de Deus, entraram num novo relacionamento com Deus e de uns para com os outros (1Co. 1.9,10), sendo habitação do Espírito Santo na terra (1Co. 3.16) e tendo recebido a tarefa de proclamar o reinado atual e futuro de Deus no mundo, tanto pela declaração verbal da Palavra de Deus (At. 20.25‑27) quanto pela administração das ordenanças(Mt. 28.19; 1Co. 10.16,17). A igreja fundamenta‑se na obra passada de Cristo, em sua morte, ressurreição e ascensão, aponta para o retorno dele no futuro e busca viver em amor pelo poder do Es­pírito no presente. Analisemos os seguintes termos:

Igreja dos crentes - Convicção teológica desenvolvida a partir da reforma radical segundo a qual a igreja é com­posta somente pelos que por meio da fé em Jesus Cristo voluntariamente se reúnem para adoração, instrução e pratica de boas obras. Contrários a visão agostiniana, os defensores da igreja dos crentes rejeitam qualquer definição da igreja como corpo misto de crentes e incrédulos. Em conseqüência, as igrejas dos crentes tendem a ver as congregações locais como a comunidade dos verdadeiros discípulos de Jesus (a "igreja reunida").

Igreja invisível - Designação que provavelmente data da época de Agostinho, referente ao total de crentes genuí­nos, vivos e mortos, unidos pelo Espírito Santo ao corpo de Cristo. Ao contrario da igreja visível, que é histórica e representa a união localizada de pessoas que professam a fé em Cristo, estando elas verdadeiramente nele ou não, a igreja invisível não pode ser observada externamente porque seus membros são conhecidos apenas pelo pró­prio Deus, que vê a fé interior e não apenas a profissão de fé exterior.

Igrejas livres ou movimento das igrejas livres - Termos usados para designar as igrejas ou denominações que deliberadamente se separaram da influência, do apoio ou do controle do Estado ou do governo. O movimento das igrejas livres surgiu na Idade média, sobretudo em reação ao catolicismo romano e posteriormente às igrejas calvi­nistas e luteranas, que mantinham íntima associação com o Estado.

Igreja visível - A igreja como organização que abarca os membros batizados das congregações locais, ao contrário da igreja invisível, que inclui todos os crentes verdadeiros (ou eleitos), conhecidos, portanto, apenas por Deus. Também a igreja formada pelos vivos atualmente, ao contrário da assembléia invisível dos santos que morreram e agora estão no céu com Deus.

Em At., Ap., primeiras epístolas de Paulo e epístolas de Tg. e 3Jo., significa sempre uma congregação local específica. Em suas cartas posteriores, Cl. e Ef., Paulo emprega "igreja" para significar também o "corpo" unificado de todo o povo de Deus reunido sob uma só cabeça, Jesus Cristo. Assim como o crente, a igreja local, situada sobre a terra, esta ao mesmo tempo situada "no céu". Paulo utiliza a figura de um corpo com seus membros dependentes uns dos outros (1Co. 12.12ss.) e de um edifício ou templo do Espírito de Deus em construção (1Co. 3. l0ss.). Jesus pode ter usado "igreja" em Mt. 16.18 de modo diferente de Paulo, querendo referir‑se à reunião de apóstolos para formar sob sua liderança a casa restaurada de Davi, mediante a qual a salvação viria aos gentios.

A igreja cristã surgiu em Jerusalém depois da ascensão de Jesus. Era formada por um grupo de discípulos predominantemente galileus a por aqueles que responderam a pregação dos apóstolos nessa cidade. Foi considerada uma seita dentro do judaísmo (At.24.5), e particularmente em Jerusalém seus membros aceitavam as obrigações da lei judaica e a adoração no templo. Sua crença distintiva era Jesus ser o Messias prometido; sua pratica distintiva consistia no batismo em nome de Jesus, na participação regular em reuniões de ensino dirigidas pelos apóstolos e na comunhão nas casas. Os primeiros líderes da igreja foram os doze apóstolos, mas isso logo deu lugar ao padrão judaico de liderança pelos anciãos, com Tiago, o irmão do Senhor, como presidente (Gl. 2.9; At. 15.6ss.). O padrão para as novas igrejas, porém, era Antioquia, não Jerusalém, a foi ali que os crentes foram pela primeira vez chamados cristãos.

Paulo fundou muitas igrejas segundo o padrão de Antioquia nas províncias da Ásia Menor, na Maced6nia, Grécia, Ásia ocidental e Creta. Começava quando possível na sinagoga judaica, mas dentro de algum tempo formava‑se uma igreja separada com convertidos judeus e gentios, às vezes sediada em casas de famílias e com anciãos designados pelos apóstolos. A freqüência das reuniões da igreja, o padrão, a liderança e a ceia do Senhor são desconhecidas. O primeiro dia da semana (domingo) não pode ter sido adotado como um dia estrito de descanso porque não era nessa época feriado público para os gentios; as reuniões podem ter‑se realizado na noite seguinte ao fim do sábado judaico, sábado à noite em nosso calendário (At. 20.7).

A origem de outras igrejas é uma questão de inferência. Em 56 d.C. havia cristãos em Roma, pois Paulo lhes escreveu nessa época; havia romanos em Jerusalém no dia de Pentecostes (At. 2.10). É possível que Andrônico e Júnias tenham levado o evangelho para lá (Rut. 16.7). O endereço de 1Pe. mostra que haviam também igrejas espalhadas ao longo da costa do mar Negro a nas áreas mais para o interior dessa região.

O NT não fornece um código detalhado de regulamentos. Com base em todo o ensino neotestamentário, pode‑se deduzir cinco princípios gerais. 1. Toda autoridade é derivada de Cristo, exercida em seu nome e no poder do Espírito. 2. A humildade de Cristo fornece o padrão para o serviço cristão. 3. O governo é compartilhado em vez de autocrático (At. 15.28). 4. As funções de ensino e governo estão intimamente associadas. 5. Assistentes administrativos podem ser requisitados para ajudar os pregadores.

Os apóstolos foram escolhidos para estar com Jesus (Mc. 3.14); receberam poder sobre demônios e enfermidades (Mt. 10.1), e autoridade de Cristo para evangelizar (Mc. 3.14; Mt. 28.19). Receberam a promessa de exercerem o papel de juizes do povo de Deus (Mt. 19.28), com poder para remitir e reter pecados (Mt. 18.18; Jo. 20.23). Pedro recebeu esses poderes primeiro (Mt. 16.18s.) como repre­sentantes dos outros aos quais a comissão se repetiu (Mt. 18.18).

Os apóstolos exerciam autoridade geral sobre as igrejas, por exemplo, supervisionando novos desenvolvimentos em Samaria (At. 8.14). Quando a pressão do trabalho cresceu, designaram assistentes para administrar a obra da igreja (At. 6. lss.). Oficiais da igreja com nome distintivo (pres­bítero) foram designados primeiro em Jerusalém e provavelmente copiados da pratica na sinagoga judaica. O padrão geral do governo da igreja local parece ter sido uma junta de anciãos ou pastores, possivelmente ampliada por profetas e mestres, com os diáconos para ajudar, enquanto os apóstolos e evangelistas faziam a supervisão geral de toda a igreja. Parece provável que depois de algum tempo um ancião tenha‑se tornado presidente permanente da junta e sido então especialmente designado como "bispo". Entretanto, parece realmente ter havido certa variedade de pratica no NT.


Esboço: A Igreja, corpo de Cristo
01. A origem da igreja
1.1 - A primeira referência bíblica sobre a igreja aparece em Mateus 16:181.2 - O nascimento da Igreja ocorreu no dia de Pentecostes. Atos 2:1-4

02. A natureza e as funções da igreja como corpo

2.1 - No Novo Testamento - "povo de Deus", "Ekklesia" - "chamados para fora"
- Outros títulos:
- Corpo de Cristo - Ef. 1:22-23
- Templo do Espírito Santo - Ef. 2:21-22
- Plenitude de Cristo - Ef. 1:23
- Noiva do Cordeiro - 2 Cor. 11:2; Ap. 19:7

03. A Igreja como corpo deve:

- ministrar
- manter a unidade da fé
- reconhecer ministérios
- participar do louvor, da comunhão, dos desafios
- instruir seus filhos na Palavra

04. A formação da igreja

- Ela é formada pela união de seus membros - 1 Cor. 12:17
- Ela tem responsabilidades - Ef. 1:4; Rom. 8:29; 1 Ped. 2:9;
Observe as expressões: "escolheu"; "conheceu"; "eleita", "para sermos"; "para serem"; "a fim de".

05. As funções dos membros

- criar unidade no corpo - Ef. 4:16
- nutrir os demais membros - 1 Cor. 12:25
- sustentar os membros - Col. 2:19
- transmitir ordens - Fil. 4:9

06. Características do corpo
- Colaboração - 1 Cor. 12:12
- Exclusividade - 1 Cor. 12:14
- Individualidade - 1 Cor. 12:21
- Harmonia - 1 Cor. 12:25
- Diversificação de ministérios - 1 Cor. 12:28-29

07. Símbolos bíblicos que descrevem a igreja

- Rebanho - João 10:16
- Lavoura de Deus - 1 Cor. 3:9
- Edifício de Deus - 1 Cor. 3:9
- Santuário de Deus - 1 Cor. 3:16
- Coluna e Baluarte da verdade - 1 Tim. 3:15


Em Relação à Igreja

a) Jesus é o arquiteto da Igreja - "Eu edificarei a minha Igreja", foi uma palavra que Ele deu após a revelação que o Pai fez a Pedro. "A minha Igreja", diz respeito à casa, à residência de Deus, o qual habitará na casa levantada por Cristo (Ef. 2,22).

b) Jesus é Cristo-Rei - Jesus, quando foi exaltado e entronizado ao lado do Pai, foi intitulado Cristo e Senhor-ungido, Rei (At. 2,36). Para sua Igreja, Cristo é Rei, aquele que tem autoridade suprema sobre seus súditos. Paulo diz que o mundo tem muitos senhores e muitos deuses, mas, para nós, seus servos, só existe um Deus e um Senhor (grego: Kýrios), Jesus Cristo (1Co. 8,6), em relação à sua Igreja. Então, vemos que o senhorio de Cristo se relaciona com a nossa obediência; especialmente reforça a sua ordem para irmos e fazermos discípulos de todas as nações.
c) Cristo é o cabeça da Igreja - Ser o cabeça, além de ser líder, significa idealizar e planejar o que vai acontecer. Então, quando queremos traçar algum projeto, se Cristo não for o cabeça, o projeto falhará totalmente. Esta doutrina de Cristo como cabeça tem destaque na carta aos Colossenses; mas, se voltarmos para Coríntios ou para os Efésios encontraremos uma ênfase pertinente ao Corpo de Cristo e não apenas à Cabeça. A cabeça está cheia de nervos, mas o corpo também está. Ele é o líder, mas também é a pessoa que atua em nós através dos nervos, pois o corpo está ligado a Cristo mediante este contato vital. A figura de cabeça e corpo ilustra o essencial relacionamento entre Cristo e a sua Igreja.

Estar em Cristo significa reproduzir a sua personalidade na Terra. Sua humanidade, seu amor ao Pai e aos pecadores, sua compaixão, tudo deve manifestar este intercâmbio entre nós e Ele.

Paulo escreve para os Coríntios: "Vós sois corpo de Cristo". E aos Colossenses e aos Efésios afirma que a Igreja toda do mundo inteiro é corpo de Cristo também. Então não importa onde você vive nem onde eu vivo, se fazemos parte do seu Corpo. Somos membros do corpo universal e membros da igreja local (1Co. 12s. 21-27). Nesta mesma referência, as expressões estar em Cristo e Cristo em vós mostram uma reciprocidade, em relação a Ele, que é a esperança da glória (Cl. 1, 27). Mais de cem textos, nas epístolas repetem a expressão "em Cristo" ou "nele". Em João 15, Jesus usou a figura da videira e dos ramos. Os ramos estão na videira porque há uma ligação entre eles. Estar em Cristo significa, então, reproduzir a sua personalidade na Terra. Sua humanidade, seu amor ao Pai e aos pecadores, sua compaixão, tudo deve manifestar este intercâmbio entre nós e Ele.

d) A Igreja é a herança de Cristo - Ele receberá a Igreja por herança. Todas as igrejas do mundo, habitadas pelo Espírito Santo, estarão incluídas (Ef. 1,11). Isto quer dizer que Ele vai herdar, casar com a noiva, a Igreja. A segunda vinda de Cristo será o dia das bodas do Cordeiro. A respeito do relacionamento entre Cristo e a Igreja, Efésios mostra que Ele morreu para salvá-la e apresentá-la a si mesmo, santa, gloriosa, sem qualquer falha, sem rugas ou mácula (Ef. 5,25ss). Isso é um desafio imensurável, porque pela glorificação dos crentes, Deus purificará sua Igreja para que ela possa casar com o santo marido. Que milagre tremendo é este, nossa vida particular e a vida da Igreja de Cristo, sendo recebidas em santidade por Deus, mediante o lavar regenerador do sangue de Jesus Cristo.

e) Cristo é o Sumo Sacerdote - O livro de Hebreus enfatiza o que significa este ofício e nos incentiva a nos aproximarmos dele, pois Ele entende as nossas fraquezas, é compreensivo e compassivo (Hb. 4,14; 5,10).


Igreja Primitiva

Uma expressão usada para aludir ao período inicial da história da Igreja cristã, desde que a mesma começou, em cerca de 30 d.C., até que foi reconhecida como religião lítica, já na época do imperador Constantino, por todo o império romano. Foi nessa oportunidade que ocorreram certas transformações, algumas de bom caráter a outras de mau caráter. A partir desse reconhecimento oficial, o cristianismo passou a ser vinculado a história da humanidade de uma maneira diferente do que vinha acontecendo até então, porque foi a partir desse tempo que ele passou a ser reputado uma força social e política, mesmo sem levar em conta a sua natureza religiosa, embora também exercesse fortíssima influência religiosa sobre as questões seculares. O período da Igreja primitiva, pois, inclui as eras apostólicas, pós‑apostólica e patristica. Poderíamos intitular esse período histórico de período da igreja primitiva.

Durante cerca de três séculos da Igreja primitiva, tiveram lugar certos acontecimentos importantes, como a formação do cânon das Escrituras do Novo Testamento. Esse período foi um tempo de consolidação da Igreja no mundo, por meio de missões, ‑ que atingiu todos os rincões do império romano. Mas também foi um tempo de intensas perseguições e de amargos sofrimentos. Com Constantino surgiu a Igreja Católica, embora não ainda a Igreja Católica Romana, que já foi um desenvolvimento posterior, embora não deixasse de ter algumas raízes no período da Igreja primitiva.

Calcula‑se que no final desse período (começo do século IV d.C.), os cristãos já eram sete milhões, dentre os cinqüenta milhões de habitantes do império romano, a espantosa proporção de quinze por cento. A expansão geográfica incluía a porção central do império, bem como aquelas províncias mais fronteiriças, como a Gália a Espanha, além de áreas da Alemanha, das ilhas britânicas, e, no Oriente. A penetração do cristianismo pelo império romano, em suas porções ocidental e oriental, emprestou a sua teologia uma perspectiva mais ampla, especialmente através da influência do neoplatonismo, de tal maneira que, em Alexandria, no Egito, podia‑se ver teólogos cristãos explicando a mensagem cristã em termos das idéias de Platão e seus discípulos.

Clemente e Orígenes deixaram marcas permanentes sobre o pensamento teológico e sua expressão. Romanticamente, supomos que a Igreja primitiva representava uma expressão mais pura de espiritualidade cristã do que se verificou nos séculos que se seguiram. Uma idéia paralela é a teoria da desintegração e da apostasia. A Igreja cristã entrou em um declínio gradual onde as doutrinas passaram a ser corrompidas a as práticas morais passaram a ser pervertidas, até que, chegando esse declínio a um ponto extremo, tornou‑se necessária à reforma, que se manifestou na Reforma Protestante do século XVI. Nessa afirmação há uma grande simplificação de fatos, que ignora muita coisa boa existente na Igreja cristã imperial. No entanto, Jerônimo elogiou esse período da história eclesiástica, ao falar sobre os seus mártires e seus personagens mais notáveis.

Movimentos de reavivamento, durante a Idade Media, falavam sobre o ideal da ecclesia primitiva. As pessoas sempre têm saudades do passado, louvando o que foi e criticando o que agora é. A Reforma Protestante dependeu pesadamente desse saudosismo, em seu apelo em favor da reversão de tendências prejudiciais que a Igreja manifestava. Até os nossos próprios dias, gostamos de lembrar a Igreja primitiva, e, mais ainda, a Igreja apostólica, quando queremos encontrar um padrão mais elevado de cristianismo. É fácil, porém, ignorarmos epístolas como Gálatas e I e II Coríntios, as quais demonstram que havia problemas até mesmo no período apostólico, com lapsos morais e espirituais. Um dos danos produzidos por esse ponto de vista nostálgico de Igreja é que as pessoas passam a pensar que tudo quanto é espiritual precisa passar por uma evolução. Porém é um erro supor que podemos extrair todas as nossas normas das paginas do Novo Testamento, acerca de como deveria ser a Igreja. E também é um erro pensar que podemos ser uma simples duplicata da Igreja crista de qualquer século.

Os homens gostam de estagnar as coisas, para sentirem um certo conforto mental a respeito do que deveria ser crido e posto em prática. Mas, muitos desenvolvimentos existentes na Igreja, como suas instituições educacionais ou de caridade, são dignos de serem emulados, embora não possamos achar textos de prova de sua existência nos dias do Novo Testamento. Algumas das nossas idéias, alguns elementos da verdade que podemos descobrir, ultrapassam o Novo Testamento e suas doutrinas. Mas, o próprio Novo Testamento não reivindica tal papel para si mesmo. Isso posto, sempre haverá a possibilidade de progresso, em todas as linhas de pensamento, pois a verdade é maior do que qualquer livro ou coleção de livros, e a espiritualidade é maior do que qualquer expressão histórica da mesma. Logo, apesar de ser bom olhar para o passado e preservar certas tradições sagradas, que tem resistido ao desgaste do tempo, também é bom vivermos em um crescimento presente e contínuo. É nisso que consiste a espiritualidade.


O Culto Cristão No Novo Testamento

A base judaica
Os primeiros cristãos foram judeus. Por isso não admira que tenham tomado de sua matriz judaica muitos elementos para o seu culto. At. 2,46 diz: "Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração". Continuaram a participar do culto no templo de Jerusalém, acrescentando uma refeição cristã especial.

Mas pouco a pouco os cristãos entenderam que os sacrifícios do templo não eram mais necessários, visto que a morte de Jesus fora o sacrifício definitivo, oferecido pelos pecados uma vez por todas. Assim começaram a afastar‑se do culto do templo, especialmente depois que surgiram conflitos entre judeus e cristãos. Mas por várias décadas muitos cristãos judeus continuaram a freqüentar as sinagogas. Paulo habitualmente começava a sua pregação pela sinagoga da cidade que visitava e ali participava do culto, enquanto não fosse forçado a abandoná-lo. Particularmente dois aspectos do culto judaico influenciaram o culto cristão: a) o rito da Páscoa refletido na ceia do Senhor, e b) o serviço sinagogal que com sua leitura da Bíblia, orações e sermão serviu de modelo para o culto cristão primitivo (Hb. 7,23‑27; At. 17,1‑8).

A ceia do Senhor

Jesus instituiu esta refeição comunitária no contexto da celebração da Páscoa, durante a última ceia feita com os apóstolos. Na festa da Páscoa, as pessoas recordavam a libertação do Egito, no passado, a pensavam no advento do reino de Deus, no futuro. Não se tratava simplesmente de uma comemoração, mas também, e, sobretudo, da experiência viva e contínua da salvação oferecida por Deus na esperança da libertação plena a definitiva. Também a ceia do Senhor volta‑se ao passado e nos recorda, com o pão e o vinho, o acontecimento da morte de Jesus. Além disso, olha para o futuro, para o seu retorno. "Anunciareis a morte do Senhor até que ele venha" diz Paulo. Mas ao mesmo tempo proclama a sua presença salvífica no pão e no vinho.

A ceia pascal começava com uma benção, uma ação de graças a Deus pelo pão. Depois eram distribuídos pedaços de pão. A ceia terminava com o beber de uma taça de vinho. Na cerimônia cristã o vinho é o sinal eficaz do sangue (da morte) de Cristo. A sua morte e sacrifício que sela a nova aliança entre Deus e o homem, assim como a antiga aliança fora selada pelo sangue do novilho sacrifical (Ex. 24,5‑8). Por isso Jesus disse: "Este é o meu sangue... da aliança".

Aqueles que participam dessa refeição sagrada declaram a sua lealdade ao Senhor, que criou a nova aliança.
O vinho, além disso, faz referência ao futuro Reino de Deus, representado como banquete. Jesus disse: "Doravante não beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus".

No livro dos Atos a ceia do Senhor é chamada de "fração do pão" (refeição de comunhão), expressão usada pelos judeus para indicar a benção do pão, mas que no cristianismo se tornou expressão técnica para indicar a ceia. Originariamente esta fazia parte de uma refeição verdadeira. Os cristãos de Corinto traziam consigo os seus próprios alimentos, para consumi-los em conjunto. Paulo ainda viu outra significação na participação do pão. Os cristãos participam de Cristo assim como participam do pão e, além disso, participam do "Corpo de Cristo", a Igreja. A divisão e a desunião na Igreja negam a verdade representada pelo único pão.

Por fim a ceia do Senhor passou das casas particulares dos cristãos para edifício especial, onde não fazia mais parte de verdadeira refeição. Orações e hinos cristãos derivados dos serviços sinagogais foram acrescentados às cerimônias. O primeiro documento que fala das orações recitadas durante a Ceia do Senhor e a Didache (ensinamento dos 12 apóstolos), escrita entre o fim do século I e o começo do século II d.C. (Mt. 26,26‑30; Mc. 14,22‑26; Lc. 22,14‑20; At. 2,46; 20,7; 1Cor. 11,20‑34; 10,16‑17).

Batismo

O segundo rito que Jesus ordenou a seus discípulos observar foi o batismo dos convertidos. Também este tem fundo judaico. No período entre o Antigo e o Novo Testamento, aqueles que se convertiam à religião judaica (prosélitos) eram batizados ou imergidos em água, geralmente num rio das pro­iximidades, como sinal de purificação. Também João Batista batizou a mui­tos, como sinal do seu arrependimen­to e de sua purificação interior opera­da por Deus.

Mas o batismo cristão não era vis­to como "loção do pecado". Pau­lo explica que quando alguém batiza­do desaparece debaixo da água e de­pois reemerge, por simbolismo eficaz, passa através da morte e da sepultura para a ressurreição. Pelo batismo os cristãos participam da morte e ressur­reição de Jesus: "Pelo batismo nós fo­mos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado den­tre os mortos pela glória do Pai, as­sim também nós vivamos vida nova".

A narração mais completa de um batismo no Novo Testamento é a história de Filipe e do etíope. At. 8,37 apresenta uma antiga forma de pala­vras que os primeiros cristãos usaram. O pregador diz: "Se crês de todo o teu coração, podes ser batizado". O bati­zando responde: "Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus". Às vezes as pessoas eram batizadas em nome de Jesus Cristo, outras vezes, em nome do "Pai, do Filho a do Espírito Santo". (Mt. 28,19; Mc. 1,4‑11; Rm. 6,3‑4; At. 8,26‑39; 2,38; 19,5).


A oração

Além das orações particulares de in­divíduos, o Novo Testamento mencio­na freqüentemente grupos de cristãos que oravam juntos. Desde o principio os cristãos participavam da "fração do pão a das orações". Oravam para ter coragem quando o grande conselho judaico proibiu Pedro e João de pre­garem. Oraram pela libertação de Pe­dro do cárcere. Oraram pelo sucesso do trabalho missionário de Barnabé e Paulo. Essas orações eram espontâ­neas, mas todas revelam o espírito e a linguagem do Antigo Testamento. AI­gumas palavras usadas nas orações dos primeiros cristãos ainda nos são co­nhecidas, são elas:

• Maran atha (1Cor. 16,22) ‑ São duas palavras aramaicas que signifi­cam: "Senhor nosso, vem". Eram di­rigidas a Jesus, invocado com o nome de Senhor, o nome reservado pelos ju­deus somente para Deus. Maran atha reaparece na última oração da Bíblia: "Amem! Vem, Senhor Jesus!"

• A palavra abba (Mc. 14,36) foi usa­da pelo próprio Jesus, dirigindo‑se ao Pai. É um termo aramaico que significa "pai querido" ou "papai". Era usado pelas crianças ao falar com o pai. Mas no ambiente judaico seria considera­do irreverente usá‑lo para dirigir‑se a Deus. Em seu lugar era usado abinu, "pai nosso". Mas o relacionamento de Jesus com Deus era tão íntimo, que não só ele usou esta palavra familiar e afetuosa, mas também estimulou os seus discípulos a fazerem o mesmo. A palavra ocorre duas vezes nas cartas de Paulo. "Recebestes um espírito de fi­lhos adotivos, pelo qual clamamos: Aba! Pai!". "E porque sois filhos, en­viou Deus aos nossos corações o espí­rito do seu Filho que clamou: Abba, Pai”.

• Amém – É uma palavra hebraica usa­da no culto do templo e da sinagoga, na conclusão das orações. Significa: "É certo" ou também "Não há dúvi­da sobre isto". Assim no culto celeste descrito no Ap. 5, quando se eleva o grito: "Digno é o cordeiro imolado de receber o poder, a riqueza, a sabedo­ria, a força, a honra, a glória e o lou­vor", a oração é concluída com um grande "Amém". A palavra "Amém" conclui uma oração em Rm. 15, 33, uma benção de Deus em Rm. 9, 5, uma ex­pressão de louvor em Gl. 1,5 e uma benção dirigida aos cristãos em Gl. 6,18 (At. 2,42; 4,24‑30; 12,5; 13,3; Ap. 22,20; Rm. 8,15; Gl. 4,6; Ap. 5,12‑14; 1Cor. 14,16).

Profissões de fé e hinos

A Igreja do Novo Testamento era uma comunidade que acreditava em determinadas verdades fundamentais: o ensinamento dos "apóstolos" ou a "verdadeira doutrina" ou "as palavras verdadeiras". Leis antigas de fé foram expressos não só nos escritos neotes­tamentários, mas também no culto, sendo freqüentemente cantados sob a forma de hinos.

Alguns dos credos cristãos primiti­vos eram muito simples e breves. A for­mula básica era: "Jesus é o Senhor". Provavelmente eram essas as palavras pronunciadas pelos neoconvertidos. Outras contem duas ou três afirmações de fé: "Ha um só Deus e um só me­diador entre Deus a os homens, o ho­mem Cristo Jesus"; "um só Senhor, uma só fé, um só batismo".

Às vezes os autores do Novo Testa­mento citam claramente declarações da fé cristã primitiva. 1Tm. 3,16 é um credo em forma de hino:

"Ele foi manifestado na carne, justificado no espírito, contemplado pelos anjos, proclamado as nações, cridas no mundo exaltadas na glória".

Uma profissão de fé ainda mais por­memorizada da pessoa e da obra de Cristo é apresentada por Paulo em Fl. 2,6‑11. O hino termina com a profis­são do neoconvertido: "Toda língua confesse que Jesus é o Senhor”. Talvez fos­se uma fórmula cantada durante a ce­rimônia do batismo (At. 2,42; 1Tm. 4,6; 2Tm. 1,13; 1Cor. 12,3; 1Tm. 2,5; Ef. 4,5).



I - Sua Missão

A Igreja e a sua essência missionária na história

Os textos bíblicos relatam que a Igreja é uma comunidade que Deus criou para uma missão. É esse o conceito de "Povo de Deus" no Antigo Testamento (Gn. 12.4; 18.18; Is. 43.10; 42.6-8), e no Novo Testamento (Mt. 20.23-28; 28.16-20; Jo. 17.15; 20.19-23; I Pe. 2.9-10; 2.18-25). Assim, a missão da Igreja não pode ser concebida como uma atividade, mas sim, como a própria razão de ser e existir.

A Igreja não é um fim em si mesma. Foi idealizada por Deus com um propósito distinto e definido, é o seu agente. A igreja não existe para si mesma. Só tem sentido na medida em que está a serviço de Deus no mundo. Tudo o mais deve girar em torno deste imperativo: missionário. Os missionários surgem dentro da própria comunidade. Missionário e comunidade são correlativos e complementares. Sua esfera de ação é o mundo. Só assim a Igreja tem sentido. Só assim ela é verdadeiramente Igreja de Jesus Cristo.

Diante disso, a Igreja não é uma estranha no mundo e nem é sua inimiga. A missão nos leva a pensar na Igreja como serva do mundo.

1. Koinonia

A Koinonia é o grande vínculo que une os cristãos. Ao mesmo tempo em que a comunidade dos discípulos de Cristo nutrem o amor fraternal, estes manifestam o novo mandamento que também é antigo. O que Cristo declara em João 13.34,35 é a chave para a missão da igreja: "Novo mandamento vos dou: que vos amei uns aos outros, assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros”.

Quando interpelado sobre o maior de todos os mandamentos, Jesus resume no amor o verdadeiro estilo de vida daqueles que de fato expressavam a verdadeira fé. Jesus, portanto sintetiza toda a Lei em apenas dois versículos que denotam o intenso e sincero amor a Deus e conseqüentemente o amor ao próximo. (Mc. 12.29-31).

Mas é interessante notar que, Jesus relaciona o amor promovido pela "koinonia" como fator preponderante para que a igreja cumpra sua finalidade missionária. "Nisto conhecerão todos", expressa a funcionalidade e a finalidade pelo qual se ama, se relaciona: a missão a todos.

É interessante ainda ressaltar que o fato da igreja expressar a sua koinonia, ao mesmo tempo, a comunidade refletirá o amor relacional da própria Trindade. Charles Barrett afirma com muita propriedade que o amor "corresponde ao mandamento que regula a relação entre Jesus e o Pai" Isto sugere que a Missão da Igreja está relacionada com o amor quando a mesma alimenta-se e relaciona-se entre seus membros com o mesmo amor expresso pela Trindade Santíssima. Charles Van Engen completa: "O amor dos discípulos uns pelos outros não é meramente edificante, mas revela o Pai e o Filho".

Amor neste caso não é meramente um sentimentalismo provocado pela emoção, mas sim um tipo de ação que o Pai e o Filho assumiram para si por amor ao mundo. A verdadeira koinonia expressada pela igreja tem uma desembocadura num mundo que, contemplando este amor relacional, recebe a mensagem missionária. Se a igreja não for comunidade de amor, a Palavra e o sacramento são um esforço em vão.

O grande problema é que se pode encontrar comunidades vivendo a mesma situação da igreja de Éfeso no final do primeiro século: "Tenho, porém contra ti que abandonaste o teu primeiro amor" (Apoc. 2.4). A igreja ativista, mais comprometida com o fazer do que com o amar pode seguramente manifestar apenas um amor superficial. Isto jamais evidenciará o compromisso com o mundo.

Segundo Peter Wagner, a Koinonia pode tornar-se uma Koinonite. Isto é, quando se perde a finalidade para a qual a comunhão existe, o amor deixa de ser saudável para ser doentio. As atividades e as relações da Igreja tornam-se centrípetas isto é, voltadas para dentro, para si mesma.

2. Kerygma

Kerygma traz em seu bojo, a mensagem: "Jesus é Senhor" ( Rm. 10.9; 1 Co. 12.3). Esta verdade é a própria proclamação da igreja. Quando se pensa em comunidade, a própria comunhão da Koinonia, envolve uma proclamação (kerigma) do Senhorio de Jesus. O senhorio de Cristo impulsiona a Igreja para fora na proclamação do evangelho ao mundo. Cristo como Senhor, não é apenas Senhor da Igreja e do crente, mas este senhorio traz proporções universais. A ênfase de Efésios 1.10 demonstra que Jesus não é apenas Senhor de fato, mas também de direito. É na convergência em Cristo de todas as coisas, tanto as do céu como as da terra, que se clarifica e referende-se o Senhorio de Cristo. Como Harry Boer afirma: " Há um elo entre o ensino neotestamentário do senhorio de Cristo e o propósito universal de Deus. O senhorio de Cristo não é apenas um senhorio na Igreja e sobre o indivíduo que crê, mas sim senhorio com proporções cósmicas e universais".

A Confissão kerigmática "Jesus é o Senhor" obrigatoriamente implica movimento para fora, em direção ao mundo, às nações. Não há como manter a mensagem salvífica e soberana em uma redoma de vidro. Não há como não manifestar o Seu Senhorio, pois mesmo que a igreja se cale, como se calou, as pedras acabarão falando em alta voz. A verdade é que mais uma vez emudecer a proclamação do Senhorio de Cristo, é deixar de manifestar a natureza missionária da igreja. Não se pode confessar que Jesus é o Senhor sem, ao mesmo tempo proclamar o seu senhorio sobre todos. Portanto, Jesus é Senhor, é a marca da Igreja missionária (Fp. 2.9-11).

3. Diaconia

Uma das áreas da igreja mais esquecida é a diaconia. A igreja somente manifesta sua natureza missionária quando de fato exerce uma função diaconal para com o mundo.
Jesus, quando fala sobre o julgamento final, põe em cheque a função diaconal de seus discípulos. O fato principal não é o quanto fizeram, mas o quanto não fizeram. “... porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, sendo forasteiro e não me hospedastes, estando nu e não me vestistes, achando-me enfermo e preso não fostes ver me" (Mt. 25.43,44).

A experiência de conhecer a Jesus significa envolver-se com os outros nas suas calamidades, nas suas tragédias, em seus problemas, com uma palavra de esperança e atitudes que minimizem a dor da fome, da sede, da solidão, das instabilidades temporais, da solidariedade da enfermidade e da angústia. A igreja quando prega o Kerygma, se esquece da prática diaconal, ela vive um pseudo-evangelho, e porque não dizer, uma vida cristã hipócrita.
Não que Jesus faça uma "opção pelos pobres", mas não há como negar que "pequeninos" é a condição de todos aqueles que estão sofrendo, sejam eles ricos ou pobres, brancos ou negros. Além do mais a igreja é aquela que tomará a sua cruz e morrerá para o mundo. Podemos ter duas visões deste fato. Primeiro a Igreja morre para o mundo que rejeita seus princípios de vida, mas em segundo lugar a igreja morre para o mundo quando serve abnegadamente ao mundo, deixando-se desgastar por ele. Acredito que esta é a base pela qual Jesus se coloca como servo, quando o mesmo diz: "O servo não está acima de seu Senhor" (Mt. 10.24; Jo. 13.16; 15.20). Logo as experiências do discípulo serão as experiências de seu mestre. Quando Jesus sendo Senhor e Mestre prova sua finalidade em estar no mundo, a igreja é o meio pelo qual ele continuará a realizar sua atividade diaconal.(Mt. 10.18; Jo. 13.16).

A postura da igreja no mundo não é ser servida pelo mundo, mas sim servir ao mundo na perspectiva de serva, isto é aquela que leva ao mundo a possibilidade de uma restauração não somente espiritual, mas também física e material. Mas este serviço necessita ser realizado com a humildade de Cristo (Jo. 15. 20).

A última parte de Mt. 25.31-36, trata da diaconia, mas enfatiza-a na perspectiva de uma prestação de contas dos mordomos. A verdade é que esta figura de julgamento tem a ver muito mais com a omissão da igreja com respeito ao trabalho diaconal do que com a evangelização propriamente dita.

Quando analisamos a visão diaconal da Igreja Primitiva, vemos que não havia uma departamentalização missão, mas tudo era missão. Desde o distribuir pão aos necessitados como viver em comunhão, como também pregar o kerygma.(At. 2.42-47; At. 4.32-5,1; At. 6.1-7; At. 9.36-42). Esta é a verdadeira comunidade de amor. Do amor que prega que faz sem esperar nada em troca. É a verdadeira religião pregada por Tiago (Tg. 1,27). O fato de a igreja se manifestar diaconalmente expõe claramente que em sua natureza ela irá revelar o quanto ama a Deus. É na dedicação às pessoas que a igreja de fato revela seu profundo amor para com Deus.

4. Martirio

A palavra testemunho tem a ver com a proclamação aberta e convicta da igreja. Sem esta característica a igreja está parcialmente viva. Martírio tem a ver com a justiça e a Ética da igreja que é comprovada pela vida. Conquanto tenhamos que pregar o Kerygma, a Escritura nos desafia a provarmos isto com a vida. Martírio traz em seu bojo todo relacionamento que Israel mantinha com Deus. (Is. 43.10,12; 44.8) e também expõe a necessidade de testemunhar ao mundo, através da vida, mesmo que isto tenha que incorrer em morte. (At. 1.8) Mas Martírio também é uma conclamação à reconciliação (2 Co. 5.20).

A igreja é comunidade de testemunhas. Testemunhas que se manifestam em favor da vida, da justiça de Deus. Não apenas testemunhas oculares de fatos, mas de fatos não vistos, mas que são cridos (I Ts. 1.10). Em alguns aspectos martírio também tem um sentido de falar até a morte.

"As pessoas que não conhecem a Jesus devem conhecê-lo na presença, proclamação e nos atos e palavras persuasivas da Igreja". Na verdade, Ser testemunha vem denunciar o compromisso que a igreja tem com Cristo não somente na vida, mas também na morte.


A Missão Espiritual da Igreja

Quando Jesus ficou diante de Pilatos para ser julgado, ele descreveu a natureza espiritual de seu reino: "O meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; , mas agora o meu reino não é daqui" (João 18:36).Aqueles que saem do "império das trevas" são transferidos para o "reino do Filho" (Colossenses 1:13). Jesus "é a cabeça do corpo, da Igreja" (Colossenses 1:18), e seus súditos gozam de "toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo" (Efésios 1:3).

Os soldados que vão batalhar para avançar a causa deste reino espiritual usam a armadura e as armas espirituais (Efésios 6:10-17; 2 Coríntios 10:3-6) quando buscam cumprir sua missão espiritual. Usando a espada do Espírito, que é a palavra de Deus, servos de Cristo ensinam outros sobre o Senhor e sua graça salvadora (Romanos 1:16; 2 Timóteo 2:2), "levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo" (2 Coríntios 10:5). Estes discípulos de Cristo compartilham o plano eterno de Deus "para que pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais, segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Efésios 3:10-11).

Muitas das tendências erradas das denominações modernas poderiam ser evitadas por um entendimento mais claro da missão espiritual da igreja. É aparente que a igreja do primeiro século dava atenção principalmente aos assuntos espirituais. Jesus não estabeleceu um clube social ou esportivo, e não deu aos homens o direito de modificar ou corromper essa missão espiritual de que ele incumbiu sua igreja. Nosso papel hoje em dia deveria ser estudar e obedecer à vontade de Deus, fazendo tudo de acordo com a autoridade de Cristo (Colossenses 3:17).

A Obra Espiritual da Igreja

Cristãos trabalhando juntos: As assembléias da igreja são ocasiões para adorar o Senhor e edificar aqueles que participam. Podemos ver claramente a natureza espiritual das atividades das igrejas primitivas. Os santos oravam juntos (Atos 4:31; 1 Timóteo 2:1-2). Eles pregavam o evangelho (Atos 4:33). Eles se reuniam para participar da Ceia do Senhor (Atos 20:7; 1 Coríntios 11:17-34). Os cristãos primitivos louvavam a Deus e edificavam-se uns aos outros cantando salmos, hinos e cânticos espirituais (Efésios 5:19; Colossenses 3:16). De acordo com a instrução apostólica, os cristãos aproveitam as assembléias no primeiro dia da semana para recolher dinheiro que será usado para fazer a obra de que Deus incumbiu a igreja (1 Coríntios 16:1-2). A Bíblia mostra que cada membro do corpo tem uma parte importante na edificação dos outros irmãos (Efésios 4:11-16).
A Missão do Ensinamento do Evangelho: A igreja, como "coluna e baluarte da verdade" (1 Timóteo 3:15), tem o privilégio e responsabilidade de espalhar o evangelho de Cristo. É abundantemente claro no Novo Testamento que esta era a alta prioridade na vida de Jesus e de seus seguidores. Se somos verdadeiramente seus discípulos, essa será também nossa prioridade. A missão da igreja é espiritual.

Os cristãos têm o privilégio de propagar a mensagem de salvação do evangelho. Devemos partilhar da atitude expressada por Paulo: "Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê" (Romanos 1:16). É por isto que os cristãos primitivos de Jerusalém foram tão diligentes em seu trabalho (Atos 5:42).
Precisamos primeiro dar-nos ao trabalho. Nossa missão hoje é a mesma que a missão dos tessalonicenses, que levavam diligentemente o evangelho às regiões próximas da Macedônia e Acaia (1 Tessalonicenses 1:8). As instruções que Paulo deu aos coríntios mostram que um propósito significativo de suas reuniões era convencer os incrédulos e edificar os santos (1 Coríntios 14:24-26).

Cumprir esta missão também requer empenho financeiro. As igrejas de hoje podem mandar evangelistas para pregar em outros lugares, como fez a igreja de Antioquia (Atos 13:1-3; 14:26-28). Os evangelistas eram às vezes sustentados pelas igrejas para que pudessem dedicar-se à obra de pregar (Filipenses 4:5-8; 1 Coríntios 9:14-15). Paulo ensinava que o mesmo tipo de apoio financeiro poderia também ser dado aos presbíteros (1 Timóteo 5:17-18). É natural que pessoas que se dedicam à missão de divulgar o evangelho possam sacrificar voluntariamente seus bens materiais com este mesmo fim.

Ensinar toda a verdade: A igreja precisa aceitar sua responsabilidade de ensinar a verdade da palavra de Deus em todas as circunstâncias. Todos os seguidores fiéis de Jesus precisam da mesma convicção que Paulo encorajou em Timóteo, quando escreveu: "Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina" (2 Timóteo 4:2). A igreja que evita alguns aspectos da palavra de Deus porque poderiam ser impopulares ou difíceis das pessoas aceitarem não está cumprindo sua missão.

Corrigir os que erram: A responsabilidade de corrigir e repreender mostra que pregar o evangelho envolve a correção daqueles que estão no erro. O positivismo "Eu estou bem, você está bem" não tem lugar na pregação de Cristo. Quando uma pessoa está em pecado, ninguém tem o direito de dizer "Você está bem assim como está”. A mensagem do evangelho é diferente: os pecadores não estão bem, mas podem ser transformados pelo amor e a graça de Deus para se tornarem íntegros novamente.

Esta necessidade de corrigir os pecadores inclui a responsabilidade de corrigir os irmãos que recaem no pecado (Gálatas 6:1; Tiago 5:19-20). Uma igreja que verdadeiramente entende sua missão espiritual corrigirá os irmãos em erro para tentar salvar suas almas e manter a pureza do corpo (Mateus 18:15-17; 1 Coríntios 5:1-13).

Ler estes textos mostra que às vezes é desagradável obedecer a Cristo. Uma igreja que segue Jesus removerá os pecadores impenitentes do seu meio. Podemos não gostar da linguagem forte que Paulo usa em 1 Coríntios 5:13, mas precisamos lembrar que era o próprio Deus que dava estas instruções para "expulsar" da congregação aqueles que retornavam a uma vida de pecado. Se vamos pregar a verdade, precisamos pregar toda a verdade!


II – Sua Funcionalidade e Manutenção

A natureza da igreja

Grande parte da natureza espiritual da igreja pode ser percebida através dos seus títulos, a saber:

a. A igreja é uma «assembléia de convocados para fora», uma raça nova a selecionada.
b. Ela é o novo homem (Ef. 6. 2:15).
c. Ela é o corpo de Cristo. (Ef. 6. 1:22).
d. Ela é o templo do Espírito (Ef. 2:21, 22).
e. Ela se compõe dos eleitos (Ef. 1:4), destinados a receber bênçãos celestiais eternas.
f. Ela é a plenitude de Cristo (Ef. 6. 1:23), participante de sua própria natureza ( II Cor. 3:18 e Rom. 8:29), bem como de sua herança e glorificação (Rom. 8:17, 30).
g. Ela é de Deus em Jesus Cristo, o que mostra a íntima relação que a igreja mantém para com ambos, o que significa que ela faz parte da família de Deus (I Tes. 2:14 a Ef. 2:19).
h. Ela é, portanto, um feito sobrenatural de Deus, e não apenas uma organização religiosa.
i. Ela é uma noiva celestial que aguarda o noivo celeste (Mar. 2:19, 20; II Cor. 11:2; Rom. 7:1‑6; 1Pe. 5:26, 27 e Apo. 19 ‑ 21).
j. Ela se completa do conjunto dos remidos que haverão de participar da perfeita santidade de Deus (Mat. 5:48), bem como da literal natureza metafísica de Cristo, o Filho de Deus (Rom. 8:29), os quais, no momento, estão em processo de transformação com esse propósito (II Cor. 3:18).
k. A igreja tem um aspecto local, mas também tem um aspecto universal; pois todos os seres humanos que consideram Cristo como Cabeça, tendo tido um encontro com o Espírito Santo regenerador, são seus membros, sem importar suas associações eclesiásticas e comunitárias. A igreja é tanto um corpo local de crentes como também envolve todos os indivíduos levados à união mística com Cristo, através da atuação do Espírito de Deus, sem importar suas conexões terrenas que porventura tenham.


A Noção da Igreja Como Povo de Deus no Novo Testamento

A dimensão da Igreja como povo de Deus começa com um homem: Jesus Cristo. O ministério de Jesus era dirigido a Israel e desejava reuni-lo e fazer dele o verdadeiro povo de Deus e, mesmo na sua morte, manteve sua missão vinculada para com Todo Israel.

A constituição dos doze é uma das indicações de que Jesus se dirige a Israel. O grupo dos discípulos não foi concebido como substituto ou sucessor de Israel, mas devia estar aberto e orientado para Israel. Ele deveria prefigurar o Israel escatológico; ele deveria representar, como sinal, aquilo que em si deveria ter acontecido em Todo Israel.

A Aliança é estendida aos seus descendentes: a Igreja

Após o evento morte/ressurreição de Cristo, os discípulos de Jesus, compreendem-se como o verdadeiro Israel, não só como o verdadeiro, mas, ao mesmo tempo, como o novo Israel. O fundamento era a fé mediante a experiência pessoal no ressuscitado. Para os que criam, tinham como cumpridas em Cristo as promessas do Antigo Testamento.

Os discípulos deixam a Galiléia e vão para Jerusalém. A razão é escatológica. Estavam convencidos de estarem no meio dos acontecimentos finais e, conforme a fé judaica, os acontecimentos finais têm início em Jerusalém.

Outro fato era quanto à questão do batismo (At. 2.38-42). O batismo é pensado como sacramento escatológico para Israel: diante do fim iminente, o povo de Deus deve ser selado para poder subsistir no juízo do Filho do Homem. Ainda um terceiro fenômeno destaca a autocompreensão da comunidade primitiva, o círculo dos doze é completado por eleição (At. 1.15-26). Os doze são testemunhas escatológicas contra Israel.
A reconstituição escatológica de Israel, começada por Jesus, está sendo continuada pela comunidade pós-pascal dos discípulos em fidelidade a Jesus.

A Igreja que consiste tanto de judeus como de gentios tornou-se o ramo da oliveira - o povo de Deus - o verdadeiro Israel. Mesmo depois da abertura para a aceitação de gentios e pagãos incircuncisos, a idéia de ser povo de Deus é mantida. Todas as comunidades que professam sua fé no Cristo ressurreto, mesmo as comunidades em que os cristãos vindos do paganismo eram em maior número se consideram a si mesmas como povo de Deus.

Na primeira epístola de Pedro, o autor, referindo-se à Igreja de Cristo, concede títulos aos cristãos que são tomados diretamente do modo como se descreve o povo de Deus no Antigo Testamento (Êx. 19.5-6; 23.22. Is. 43.20; 61.6). Os cristãos assumem tais títulos como o novo Israel de Deus e, o autor da carta, sintetiza os privilégios e as responsabilidades do novo povo de Deus:

"Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia”.(I Pe. 2.9-10).

Observando a comunidade cristã primitiva, cônscia de sua pertença à Igreja como povo de Deus, podemos constatar que esta testemunhava não apenas pela proclamação (At. 2.1-41), mas também pelas suas obras, comportamento e estilo de vida (At. 2.44-47). A conseqüência disso é que a comunidade cristã contava com a simpatia de todo o povo, e o Senhor acrescentava, dia a dia, os que iam sendo salvos (At. 2.47).

A Noção de Paulo sobre a Igreja como povo de Deus:

O apóstolo Paulo trabalhou e aprofundou a questão teológica deste termo: Igreja, povo de Deus e atribuiu-o aos cristãos vindos do paganismo como "descendência de Abraão" (Rm. 4, Gl. 3). Todos os que crêem em Cristo, são os verdadeiros descendentes de Abraão, portanto, o verdadeiro povo de Deus. A teologia paulina não privilegia nenhuma etnia: os benefícios e privilégios de Israel valem para todos o que crêem em Cristo: Abraão é seu pai (Rm. 4.12); são herdeiros (Gl. 3.29; são filhos da promessa (Gl. 4.28); são os eleitos (Rm. 8.33); são chamados (Rm. 1.6s); são os amados (Rm. 1.7); são os filhos de Deus (Rm. 8.16; Gl. 3.26).

Na teologia paulina, esses conceitos eram atribuídos ao contexto da idéia de povo de Deus. Aqueles que professam sua fé em Cristo estão sob a nova aliança do fim dos tempos (2 Co. 3.6); refletem a glória do Senhor, o que antes, acompanhava e beneficiava apenas o povo de Israel (2 Co. 3.8); são templos de Deus, habitação do Espírito Santo (1 Co. 3.16); são as plantações de Deus (1 Co. 3.5-9); são os edifícios de Deus (1 Co. 3.9); são os verdadeiros circuncisos (Fl. 3.3), pois a mesma se dá no coração e pelo Espírito (Rm. 2.29).

É evidente que Paulo não trata a Igreja como o verdadeiro Israel, expressa-o indiretamente, trata-o como "Israel segundo o Espírito", o mesmo vale para os outros autores dos escritos do Novo Testamento (Tg. 1.1). Esse passo teológico já foi dado no século primeiro pelos autores dos evangelhos: "Por isso vos afirmo que o Reino de Deus vos será tirado e confiado a um povo que produza seus frutos”.(Mt. 21.43; 8.12; Lc. 20.16).
Portanto, já não mais se fazia necessário fazer parte da nação judaica para tornar-se povo de Deus, apenas fé em Jesus Cristo era condição suficiente para isso. Agora, todos aqueles que crêem, quer judeus, quer gentios, fazem parte do novo povo de Deus.

A vinculação do Israel com a Igreja:

O apóstolo Paulo não desqualifica o Israel descrente na sua função histórico-salvífica, por isso elaborou uma teologia perene que vincula a igreja com a sinagoga (Rm. 9-11). Por exemplo:

Foi devido ao fracasso de Israel que a salvação alcançou as outras nações (11.11);
O fracasso de Israel serve como advertência à Igreja. Assim como Deus não poupou a Israel, também não poupará a Igreja descrente. (11.20-22);
A Igreja pode aprender com Israel sobre a fidelidade de Deus. (11.29; 11.1; 11.12; 11.26s).

Despertar o ciúme de Israel para que, assim como a Igreja, alcancem a fé. (11.11-14).
Conclui-se, portanto, que a vinculação entre Israel e a Igreja é permanente, mostrando que a Igreja sem Israel nem sequer pode existir e, mais ainda, a Igreja perderia sua identidade se esquecesse de sua relação contínua com Israel.

A práxis concreta da Igreja como povo de Deus

Em Gl. 3.28 e 1 Co. 12.13, o apóstolo Paulo elenca algumas das características que devem nortear a Igreja como comunidade que toma para si o conceito de povo de Deus:

1. "Não há mais judeu nem grego". A condição religiosa do ser humano já não era mais impedimento para fazer parte da comunidade de fé. Todos podem ser integrados ao povo de Deus, colocando, assim, em evidência a unidade do povo de Deus.

2. "Não há escravo nem livre". A condição sócio-política dos homens em nada influencia a questão da salvação. As diferenças entre escravo e livre, na comunidade dos salvos, não significava nada (Fl. 16).

3. "Não há homem nem mulher". Mostrava que era nas comunidades domésticas que as barreiras eram rompidas e se tornavam irrelevantes, em favor da nova vinculação de todos a Cristo.

Compreende-se daí que todos os fiéis constituem o sujeito social da Igreja: os fiéis desta vertente não podem mais se satisfazer com o papel de "objeto" e funções ministeriais de direção, todos se tornam sujeito destacado do agir eclesial. Agora, a realidade eclesial abrange e integra todos os fiéis, sem diferenciação alguma, como Povo de Deus.

Portanto, podemos concluir este capítulo compreendendo que o conceito da "Igreja como Povo de Deus" expressa bem o caráter universal e missionário da Igreja; Deus suprime na nova aliança o corte entre o único povo eleito de Israel e os muitos povos gentios, ao reunir para si um "povo dentre os povos". Essa reunião só se realiza, portanto, como acontecimento permanente da missão e da auto-superação deste povo uno rumo ao muitos povos e culturas. Para a Igreja, a missão não deve se tornar conseqüência da comunhão entre os seus, mas ambas as tendências básicas constituem somente em recíproco condicionamento, a verdadeira identidade do povo de Deus.


A Dimensão da Igreja Como Povo de Deus

A Igreja é povo de Deus e corpo de Cristo. Ao reconhecer essa imagem, a Igreja confirma seu vínculo com a tradição veterotestamentária, relembrando os símbolos que giravam em torno das idéias de eleição e aliança.

Assim, a categoria da Igreja como povo de Deus está fundamentada pela Sagrada Escritura no que concerne às idéias: eleição, aliança, serviço e missão de Deus entre os homens.

O estudo dos textos do Antigo e Novo Testamento estabelecem características históricas visíveis e concretas, referidas ao povo de Deus, de que foram eleitos para testemunhar a presença de Deus na história dentro de um propósito de redenção universal.

A Igreja, eleita e vocacionada, foi escolhida para proclamar às nações os atos redentores de Deus, por intermédio de seu filho Jesus Cristo. "A igreja tem por missão despertar, acordar, preocupar, mostrar os caminhos, exortar e estimular constantemente”.

A natureza do povo de Deus

A Igreja, assim como o povo de Israel, é uma comunidade de eleitos, não havia méritos que a qualificasse para entrar em aliança com Deus, à iniciativa foi unilateral, procede de Javé; não está condicionada somente aos organismos institucionais e não se sujeita ao espírito humano; sua vida provém do fato de sua eleição: sua linhagem é santa, sua missão está a serviço do Reino dos céus.

Estas dimensões, derivadas de sua eleição, demonstram, ao mesmo tempo, seu caráter humano e transitório de comunidade. Assim, a Igreja é também uma instituição de membros pecadores e falhos; sua pureza e santidade se mesclam com a existência de falsos profetas, que, embora realizando as obras de Cristo estão muito distantes de seu espírito; ela não é o Reino e por isso sua missão e serviço podem converter-se até mesmo num pseudocristianismo.

A Igreja, diferente do povo de Israel, é uma comunidade constituída exclusivamente por vínculos religiosos; sua estrutura não supõe e nem exige uma continuidade num plano ético, cultural ou social com nenhum povo da terra, senão que está aberta ao todo, à plenitude, à pluralidade das nações.

Por outro lado, este universalismo não contempla as peculiaridades específicas de cada povo, com os carismas dos seus membros e de suas formas religiosas. Ademais, a Igreja é a forma escatológica da intervenção de Deus na história do ser humano por intermédio da ação ministerial de Jesus, presente na terra como realizador perfeito do amor da Trindade ao gênero humano.

A imagem de povo nos apresenta aspectos familiares e profundos da realidade eclesial; descreve a Igreja em sua dimensão tanto mística como social e temporal; na mística, quando os membros se agrupam em torno de Cristo presente nos sacramentos e no acontecimento da proclamação de Sua Palavra; a dimensão temporal e social se manifestam no destino da Igreja, em sua peregrinação para o Reino de Deus.

Para o reformador João Calvino, a Igreja deveria ser uma comunidade onde houvesse o estímulo e o encorajamento para o exercício da fé e da obediência, e sua qualidade maior deveria ser norteada pela "comunhão dos santos", mesmo que implicasse uma vivência em meio a lutas, privações e perseguições.

Calvino fazia distinção entre Igreja visível e invisível. A igreja visível é aquela que podemos conhecer, ver, apalpar, ou melhor, uma assembléia visível de pessoas que se reúnem num edifício especial. A igreja deveria possuir os seus ofícios; pastor, professor, presbítero e diácono, que deveriam colaborar na manutenção da disciplina eclesiástica. Assim a igreja, deveria cuidar e ter o controle da moral e dos costumes. A igreja invisível é composta pelos eleitos e fundamentada pela Palavra de Deus. É o conjunto de todos na terra que têm fé em Cristo, onde a comunhão interna é compartilhada por todos os que possuem fé comum e a mesma esperança.

Lutero, por seu turno, entende a Igreja não propriamente como Povo de Deus, mas como a comunhão dos crentes ou "comunhão dos santos". Refletindo a unidade da fé, compartilhada por todos da comunidade. Portanto, a pertença à Igreja é uma questão de fé. E essa comunhão entre os fieis era fruto do Espírito Santo, assim, desqualificava qualquer conceito institucional para Igreja. Lutero entendia a Igreja como uma união mística, espiritual e invisível. Conceito novo e revolucionário para o seu mundo.

Para Lutero, as características da Igreja eram: batismo, Ceia do Senhor e a proclamação da Palavra da Deus. A igreja existe pela Palavra e em torno da Palavra de Deus, o Espírito Santo opera e reúne os cristãos no mundo todo.

A Igreja, povo de Deus na História

A história é concebida, teologicamente, como a resposta divina ao drama humano. Essa resposta se dá em diferentes níveis, dentre eles o acontecimento de Cristo - nascimento, seu ministério, sua morte, sua ressurreição - constituem a fase final mais sublime.

Todo o relato bíblico coincide com os acontecimentos da vida, morte e ressurreição do Senhor e os primeiros cristãos foram homens e mulheres convertidos pela pessoa de Cristo que, posteriormente, expressaram sua fé em termos doutrinários.

No entanto, a revelação e a vida de Deus não se limitam ao mundo cristão, a Igreja é concebida como comunidade de fé, mas também como um povo, na história, como instituição que se integra aos planos de salvação de Deus a toda a humanidade.

Desta forma, a Igreja está no vértice da história da salvação e dos seres humanos, evidenciados pela ação de Deus sobre o mundo e, mais especificamente, no povo de Israel por ser este sua continuação e sua perfeição. A ênfase do livro dos Atos dos Apóstolos aponta para os desígnios de Deus sobre Israel e sobre o Messias como etapa final da comunicação de Deus com os homens.

Assim, a perspectiva da revelação progressiva de Deus na história se concebe nas narrações de ambos os testamentos. A chamada de Deus para fazer de Abraão um povo de sua propriedade (Gn. 12.1-8; 17.1-8); a fé do Patriarca (Gn. 15.6); a revelação a Isaque e Jacó (Gn. 26.1-6; 28-10-12); a aliança com esse povo (Êx. 19.1-8; 20.1-20); o preparo do povo pelos profetas para a espera do Messias.
Jesus é para a comunidade cristã primitiva o cumprimento das esperanças de Israel (Lc. 2.29-32; At. 4.11-12). A Igreja surge como a continuação e culminação das esperanças messiânicas do povo eleito. Assim, a igreja representa uma nova economia de graça e salvação em Jesus Cristo e, também, o Israel escatológico, elevada a dimensões cósmicas, em que culminam todas as intervenções salvíficas de Deus na história.

Na epístola aos Efésios, podemos ler:

"Vocês, portanto, já não são estrangeiros, nem hóspedes, mas concidadãos do povo de Deus e membros da família de Deus. Vocês pertencem ao edifício que tem como alicerce os apóstolos e os profetas... Em Cristo, toda construção se ergue, bem ajustada, para formar um templo santo no Senhor. Em Cristo, vocês também são integrados nessa construção, para se tornarem morada de Deus, por meio do Espírito". (2.19-20; 22).

Povo de Israel e Igreja de Deus

Depois de percebermos a ação de Deus na história dos seres humanos, convém que tratemos de especificar as relações existentes entre o povo de Israel e a Igreja, como comunidade continuadora das promessas daquele povo.

Em primeiro lugar, nos termos "povo de Deus" e "Israel", nos escritos neotestamentários, é praticamente impossível evitar a ambivalência. Em alguns momentos, como em At. 26.17, a Igreja parece situar-se em um plano superior ao povo e aos gentios; em outros, como em Rm. 15.7-12, se descreve como formada tanto pelo povo eleito como pelos gentios.

Em segundo lugar, o conceito de povo neotestamentário é unitário; em nenhuma parte existe uma contraposição radical entre Israel e a Igreja. Existe uma continuidade entre os dois testamentos, o mesmo Deus revela seus desígnios de amor ao mesmo povo.
Assim, sintetizando este item, por exemplo, a interpretação de Hans Küng, complementa que:

"A Igreja é, sempre e em toda à parte, todo o Povo de Deus, toda a Ecclesia, toda a comunidade de crentes. Todos são a estirpe eleita, o sacerdócio régio, o povo santo. Todos os membros deste Povo de Deus são chamados por Deus, justificados em Cristo, santificados no Espírito Santo. Nisto todos são iguais, dentro da Igreja”.

A Igreja e o Reino de Deus

Uma grande questão que fica aberta a muitos questionamentos e interpretações é quanto ao relacionamento da Igreja com o Reino de Deus. Para os cristãos dos primeiros séculos, o Reino foi sempre considerado escatológico. Uma oração primitiva do segundo século continha: Lembra-te, ó Senhor, da tua Igreja, para... Ajuntá-la como um todo, em sua santidade, dos quatro cantos da terra, para entrar no teu reino, que tens preparado para ela.

No período patrístico, Santo Agostinho de Hipona identificou o Reino de Deus com a Igreja. A partir da Reforma Protestante, embora em uma forma modificada a identificação de um com o outro foi perpetuada. João Calvino (1509-1564), um dos sistematizadores da teologia reformada utilizou a passagem do Evangelho de Mateus, 13.47-50, como argumento bíblico, com o propósito de fundamentar o princípio da identificação da Igreja com o Reino de Deus.
Tais conceitos relacionados com o Reino e a Igreja, e a relação existente entre os mesmos, são trabalhados e desenvolvidos por Ladd, quando afirma:

"A missão de Jesus foi a de inaugurar uma era de cumprimento como evento antecipado de uma consumação escatológica, e, se num sentido real, o Reino de Deus, em sua missão, invadiu a história humana, ainda que de um modo inesperado, segue-se que aqueles que recebem a proclamação do Reino são considerados não apenas com o povo que iria herdar o Reino escatológico, mas como o povo do Reino há no tempo presente e, conseqüentemente, em algum sentido da palavra, a Igreja”.

Além disso, essa relação entre o Reino de Deus e a Igreja pode ser demonstrada nas atitudes de Jesus. Em primeiro lugar, Jesus não assumiu o seu ministério com o propósito de iniciar um novo movimento, reconheceu a Israel, a quem o pacto e as promessas foram dados, como os naturais "filhos do Reino" (Mt. 8.12; 10.5-6). Sua missão foi a de proclamar ao povo de Israel que Deus estava agindo naqueles dias a fim de cumprir as suas promessas e conduzir Israel ao seu verdadeiro destino.

O segundo fato é que Israel rejeitou a Jesus e a sua mensagem a respeito do Reino. A proclamação do Reino e a chamada ao arrependimento caracterizavam o ministério de Jesus desde o início, mas os evangelhos registram o conflito e a rejeição de Israel à mensagem que culminou na sua morte.

Um outro aspecto, o terceiro fato, é significativo. Embora Israel como um todo rejeitou a oferta do Reino feita por Jesus, um grupo remanescente abraçou a fé no Cristo, tornando-se o verdadeiro Israel e os representantes da nação como um todo, portanto, os discípulos de Jesus são os recipientes da salvação messiânica, o povo de Deus, o povo do Reino, o verdadeiro Israel.

O fato de que Jesus considerou o círculo daqueles que receberam a sua mensagem como sendo os filhos do Reino, o povo peculiar de Deus, como o verdadeiro Israel de Deus, que assumiram o lugar da nação rebelde, no entanto, os discípulos de Jesus pertencem ao Reino; mas eles não são o Reino.

Essa aparente contradição pode ser explicada. Em primeiro lugar, o NT não iguala os cristãos com o Reino. Jesus não equaciona os discípulos com o Reino. Muitas passagens apontam para a relação inseparável entre a Igreja e o Reino, mas não a sua identidade (Mt. 13.38-43; 16.18-19); os missionários pregavam o Reino de Deus, não a Igreja (At. 8.12; 19.8; 20.25; 28.23-31). Assim, a Igreja constitui-se no povo do Reino, nunca no próprio Reino.

Em segundo lugar, o Reino gera a Igreja. Aqueles que aceitaram a mensagem e o cumprimento da esperança messiânica do VT foram constituídos como o novo povo de Deus, os filhos do Reino, o verdadeiro Israel, a Igreja incipiente. Assim a entrada no Reino significa participação na Igreja, mas a entrada na Igreja não significa, necessariamente, entrada no Reino.

Em terceiro lugar, a missão da Igreja é dar testemunho do Reino. Ela não pode edificar o Reino ou mesmo tornar-se Reino, mas pode proclamar os atos redentores de Deus em Cristo em favor da criação e das criaturas, como se lê no evangelho de Mateus, tanto judeus como gentios (Mt. 8.11-12).

Em quarto lugar, a Igreja é considerada como sendo a agência do Reino. Os discípulos foram considerados como agentes instrumentais do Reino, pelo fato de as obras do Reino terem sido realizadas por eles como se fossem realizados pelo próprio Jesus. Pregavam o Reino, mas também curaram os enfermos e expulsavam demônios (Mt. 10.8; Lc. 10.17). Assim, a Igreja torna-se o instrumento do Reino de Deus na proclamação da Palavra e na batalha contra os poderes satânicos.

Por fim, a Igreja é a guardadora do Reino. O conceito veterotestamentário tinha Israel como o guardador do Reino. Desde o chamamento de Abraão e a entrega da Lei, o domínio e o governo de Deus podiam ser experimentados somente através da lei, e, Israel, sendo a guardiã da lei, mantinha o Reino de Deus em custódia.

Assim, diante disso tudo, podemos concluir que este capítulo reafirmando que na pessoa de Jesus, o reinado de Deus manifestou-se em um novo evento redentor. A nação de Israel rejeitou a proclamação deste evento divino, mas aqueles que o aceitaram se tornaram os verdadeiros filhos do Reino. A ekklesia torna-se a guardadora do Reino, em lugar dos israelitas.

Portanto, a Igreja não somente testemunha a respeito do Reino, mas também se constitui em instrumento do Reino, à medida que este manifesta o seu poder nesta era presente, ela é também a guardadora do Reino.

Sejam quais forem as verdades que a Igreja proclame, o Povo de Deus deve distinguir-se sempre como a comunidade de homens e mulheres que confessem o Senhorio de Jesus Cristo, que vivam sob a proteção e inspiração do Santo Espírito e se comprometam como membros e assumam seu compromisso e sua missão em prol do Reino de Deus. Deixará de ser Igreja quando Jesus não for mais reconhecido como o Senhor, como o modelo-mor para a vida humana e a história. A Igreja primitiva distinguia-se por sua confissão de que "Jesus Cristo é o Senhor" tanto na sociedade quanto nos cultos.

No entanto, a missão da Igreja não se esgota com o querigma. Deve reconhecer sua responsabilidade de trabalhar e esforçar-se em todos os níveis e sentidos em prol do Reino de Deus na terra. O Reino torna-se um acontecimento que se manifesta através das ações seculares. Mais, a Igreja deve sempre ser uma comunidade empenhada num compromisso integral com as tarefas da diaconia. Torna-se uma parte do trabalho essencial da Igreja e um aspecto de sua tarefa missionária. Através do serviço e para o mundo, a Igreja apressa, efetivamente, o dia em que todos os homens serão levados ao reconhecimento de que a verdadeira pregação do Evangelho teve um efeito relevante na vinda final do Reino.

À luz do Novo Testamento a Igreja possui três dimensões, as quais são possibilidades de expressar o modo pela qual a Igreja realiza o seu ministério e cumpre a sua missão. A tríade neotestamentária tem sido chamada pelos teólogos como Querigma (proclamação da Mensagem Cristã); Diaconia (serviço para o mundo) e Koinonia (o caráter fraterno e solidário do Povo de Deus).

No entanto, essa tríade não pode ser entendida como aspectos distintos, antes, se complementam, refletindo uma única realidade: o caráter integral da obra redentora da Igreja no desempenho de sua missão.

Os elementos que aqui colocamos como dimensões da Igreja, Martinho Lutero as chama de marcas da igreja, "notae ecclesia". Ele lista sete marcas, sob categorias diferentes de nossa exposição. No entanto, nossa opção é pela tríade, pois abarca e abrange todas as categorias elencadas pelo Reformador.

A Dimensão Querigmática da Igreja

O termo "querigma" significa "mensagem". Logo, a Igreja é chamada para proclamar uma mensagem. A sua mensagem consiste na proclamação ao mundo daquilo que Deus tem feito pelo homem em Jesus Cristo.

Esta função de anunciar é fundamental e a torna diferente de tudo mais. A mensagem que ela proclama é uma mensagem de libertação e de chamado à maturidade. Os textos bíblicos do Novo Testamento apontam para a mensagem que a Igreja tem que proclamar: Jesus Cristo. A Boa Nova é a libertação que Cristo trouxe e oferece aos homens que nele crêem.

O lugar da pregação e do ensino na Igreja se deduz facilmente do que já foi dito. Eles são essenciais para a vida eclesiástica porque são instrumentos poderosos para comunicar o evangelho que se encontra no âmago da vida da Igreja e para tornar efetivo este evangelho, também, dentro da Igreja.

No entanto, a proclamação da Palavra não está confinada às quatro paredes do templo, nem é monopólio da liderança da Igreja. A palavra de Deus não é mais propriedade da instituição, não está mais presa sob a velha ortodoxia alienante e desfigurada. A Igreja é Povo de Deus. Todos participam. Todos podem participar do serviço de ensinar, todos são enviados à missão, todos são responsáveis pela comunidade, todos devem se santificar, "todos somos irmãos" (Mt 23.8).

A Dimensão Diaconal da Igreja

A Igreja não se limita apenas à Palavra de Libertação, mas também deve juntar-se a Cristo em sua obra de libertação do homem. Isto é "diaconia" ou serviço. A Igreja não se restringe à proclamação da chegada do Reino, tem a função, também, de anunciar os seus benefícios. O ministério de Jesus estava imbuído de um projeto que envolvesse o homem integral, quando proclamou:

"O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para pregar boas novas aos pobres, enviou-me a proclamar libertação aos cativos e restauração de vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e apregoar o ano aceitável do Senhor”.(Lc. 4.18-19).

O Cristo vai à frente, e, a Igreja não tem outra alternativa senão a de seguir o mestre. Servi-lo é juntar-se à sua obra de libertação no mundo. A diaconia, portanto, está envolvida no ato de tornar a Palavra de Deus em ação libertadora. No entanto, diaconia não é meramente um serviço social, mas ela significa, sobretudo, que toda a comunidade cristã é uma comunidade chamada a servir. Assim, a tarefa da Igreja é a de ser diáconos do mundo, que se submetem e se entregam à luta pela libertação, saúde, educação, dignidade e integridade do homem e do mundo.

Portanto, a proclamação sem a diaconia é abstrata e vazia. A diaconia sem a proclamação não faz sentido. Jesus Cristo evangelizava curando e curava evangelizando.

Esta dimensão da vida da Igreja tem seu próprio valor intrínseco, de acordo com o exemplo e a mensagem de Jesus, mas também possui um valor instrumental no fortalecimento do Povo de Deus para seu ministério no mundo.

Assim, Paulo retrata esse princípio afirmando que a Igreja é um corpo com muitos membros, todos vivificados pelo mesmo Espírito e cada qual com sua função. Não existe nenhum membro não carismático, vale dizer, ocioso, sem ocupar um determinado lugar na comunidade: "cada membro está a servido do outro membro" (Rm 12.5). Assim, o verdadeiro serviço do Povo de Deus aflora quando homens e mulheres colocam o que são, o que têm e o que podem a serviço de Deus e dos irmãos. Referem ao Espírito Santo seus dons e os fazem frutificar como dádivas de Deus.


A Dimensão Fraternal da Igreja

A palavra koinonia, grega, é geralmente traduzida, na ótica latino-americana, por "comunhão", "fraternidade", "solidariedade". Karl Barth fala da Igreja como sendo "a demonstração da intenção de Deus para toda a humanidade". Assim, a Igreja é mais do que uma simples esperança. Ela é o lugar onde a esperança já se tornou realidade, onde o futuro já assumiu uma forma concreta.

Depois de termos nos ocupado com a significação teológica de Igreja, vamos nos dedicar ao caráter essencialmente missionário da Igreja, que, por sua vez, efetivamente, torna-se a prática da tríade epigrafada.

O Mundo como obra de Deus

Deus criou o mundo e por isso lhe pertence (Sl. 24.1). Ascênsio confirma: "o israelita recorda no culto, interpelando assim a Deus, as antigas façanhas de Javé (...). Javé acima de todos os deuses, dominador das "águas", vencedor do monstro (Raab), criador e rei.”.

Essa compreensão perpassa toda a Escritura como credo confessional sobre a percepção de Deus, não como um ser abstrato, etéreo, mas ao contrário, como unicidade concreta por sua grandeza e incomparabilidade com os deuses das nações circunvizinhas. Josué proclama que sua casa serviria a Javé. Elias argumenta ao povo infiel para que escolhesse a quem serviriam: a Javé ou a Baal (I Rs. 18.21).

Portanto, os textos bíblicos mostram a centralidade de Javé como criador e mantenedor da criação. O israelita sabe que o feito criacional de Javé foi a seu favor e que somente ele, como Povo escolhido de Deus, pode ser o intérprete da ação criadora de Deus.

O mundo como objeto do amor de Deus

Deus se revela na história. Os relatos bíblicos são os relatos do caminhar de Deus junto com os seres humanos. Chama um povo para faze-lo bênção e sinal de Deus na terra (Gn. 12). Contrai uma aliança com Abraão (Gn. 15,18) e através de Moisés com o povo de Israel (Êx. 24.8). Este é o Deus que se revelou no Êxodo e na caminhada do povo pelo deserto até a conquista da terra prometida. Deus está sempre agindo e imiscuindo-se na história para o bem do homem e do mundo. É através dos eventos históricos que Deus fala, se revela e renova a vida no mundo.

Assim, o mundo é a arena da atuação libertadora e renovadora de Deus. A Igreja participa na medida em que participa do mundo. A missão da Igreja é juntar-se a Deus no seu trabalho de libertação e renovação.

No entanto, os pobres devem ser os primeiros destinatários da missão da Igreja, uma vez que a boa-nova de Jesus se mostra como boa na capacidade de gerar sentido lá onde a existência parece ter fracassado. Uma evangelização que não trouxer uma potenciação maior de vida, que não desafogar as mentalidades dos medos existenciais, que não levar a estruturas sociais de maior colaboração e humanização, dificilmente prolonga e atualiza a boa-nova de Jesus. Assim, cabe à Igreja atualizar os atos redentores de Deus em favor de todos, mas, prioritariamente, aos empobrecidos, como sujeito principal da evangelização.


III – Sua Pertinência no Mundo de Hoje


O Ministério Profético da Igreja de Cristo

A missão de Jesus foi restaurar a comunhão de Deus com o homem, por meio de Suas palavras cheias de autoridades. Ele levou muitos a seguí-lo e outros a odiá-lo. Por meio de suas palavras foi possível conhecer o que Ele pensava e também conhecer seu propósito para com suas criaturas. Por suas palavras, tomamos conhecimento do verdadeiro sentido das palavras dos mandamentos divinos, suas novas ênfases nos mandamentos nos deram condições de compreender o que era não matar, não cobiçar... Por meio de suas palavras, Jesus soube consolar, exortar seus ouvintes. Pela autoridade de suas palavras, os demônios foram expulsos das pessoas, e os punidos foram libertados. Por meio de suas palavras, os milagres aconteceram. Por meio de suas palavras, os poderosos foram repreendidos por causa de suas obras más; a finalidade de Jesus era restaurar os princípios éticos, morais e religiosos daquele povo. Por meio de suas palavras, a mensagem do Reino foi anunciada e vivenciada.

A palavra de Jesus deu aos homens o conhecimento dos erros e ocasionou o arrependimento dos infratores, trazendo como resultado uma nova vida a estas pessoas. Paulo, na carta aos Romanos, no capítulo 10.8-15, ensina que a fé acontece no coração de uma pessoa por meio da pregação do Evangelho, pela operação do Espírito Santo. Disso se conclui que as mudanças necessárias na sociedade devem acontecer pela pregação do Evangelho, pois O Ser Igreja de Cristo é crer no poder de Deus em transformar as vidas.

Por meio das palavras do cristão, Deus estará atuando pelo poder que o próprio Jesus garantiu dar aos seus discípulos com a vinda do Espírito Santo. As palavras dos cristãos são revestidas da unção divina, estimulando a Igreja ser testemunha atuante na sociedade. A Palavra de Deus é mais cortante que uma espada de dois gumes (Hb. 4.12). Veja-se o caso de Pedro. As palavras saídas de sua boca no dia de Pentecostes revelavam algo mais que apenas sons; revelavam o poder de Deus (At. 2.37-41). Jesus recomendou a seus discípulos que não se preocupassem com o que teriam que dizer quando estivessem diante de Imperadores e homens de poder, pois o próprio Espírito Santo falaria por intermédio deles (Mc. 13.11).

Cremos que a Palavra de Deus possui poder; e esta é a razão pela qual ela continua a levar a mensagem do Evangelho de Cristo a todas as nações. Cremos nisto, em vista das muitas agências missionárias espalhadas pelo mundo, enviando e sustentando seus obreiros. Esta certeza de que é Deus concedendo esta autoridade a Igreja é que motiva a obra missionária.

Mas o papel da Igreja não é apenas anunciar a mensagem redentora em Cristo Jesus, embora esta palavra possua o poder para reconciliar Deus e os homens. Outro papel fundamental do Ser Igreja Profética é também denunciar o pecado: os abusos sociais, os erros cometidos pelas autoridades mundiais. A voz da Igreja tem que ser a voz dos oprimidos e de todos aqueles que sofrem injustiças, sejam quais forem às causas que provoquem esta falta grave diante de Deus; é preciso levantar a voz da verdade, e buscar a justiça de Deus.

O nome de Cristo perante o mundo é um nome "maldito" (Jo. 7.7; 15.18,19), bem como também o de seus discípulos. Como Jesus mesmo disse, o mundo jaz no maligno, e ele odiará a todos que proclamarem este nome, porque este nome representa a santidade de Deus, representa a verdade. Contra Ele toda a mentira não prevalece, pois Ele é a luz do mundo. Onde há luz não subsistem as trevas; onde há o pecado, passa a existir a santidade; onde existe a mentira, passa a existir a verdade. Por isso, o nome de Cristo é tão amaldiçoado neste mundo corrupto onde impera a mentira. Sabemos pela Bíblia que o pai da mentira é o diabo; logo está explicado o motivo deste ódio contra Cristo e contra todos seus seguidores.

Apenas o pronunciar do nome de Jesus Cristo tem o poder de provocar tamanha reviravolta em qualquer sistema onde impera a opressão e a escravidão, pois o nome de Jesus possui o estigma da liberdade, e da verdade.

O Ser Igreja Profética de Cristo é não temer a nada que se oponha à verdade, pois a proclamação do Evangelho produz vida e liberdade. O evangelho é o poder de Deus para a salvação (Rm. 1.16).

O Ser Igreja de Cristo é estar comprometido com a verdade de Deus. Ser Igreja Profética de Cristo é anunciar às boas novas as pessoas, pois ele crê na ação transformadora do poder de Deus na vida daqueles que precisam ouvir a Deus. Esta é uma das marcas que a diferencia do mundo, de que ela é de Deus. Esta marca é a evidência clara do papel reconciliador que a Igreja tem no mundo, anunciando o amor de Deus para com os pecadores e contra a injustiça. As pessoas tomam conhecimento de que existe alguém que se importa com elas e com os problemas que lhes afligem.

O Ser Igreja Profética de Cristo é refletir aquilo que Jesus fez por meio de suas palavras, ora confortando, ora exortando, mas sempre preocupado em reconciliar o Perfeito com o imperfeito, ou seja, levar as pessoas a reconhecerem suas faltas e necessidades diante de Deus e assim deixar em seus velhos conceitos e se reconciliarem com o Criador.

Esta ação é fundamental para o Ser da Igreja Profética de Cristo. Se ela não anuncia a verdadeira mensagem aos pecadores, ela deixa de Ser Igreja Profética de Cristo; se ela deixa de Ser a voz da denuncia, ela deixa de Ser a Igreja de Cristo. Portanto, o Ser Igreja Profética de Cristo é ser a voz do próprio Cristo na terra, repreendendo toda forma de expressão maligna no mundo.


O Ministério Sacerdotal da Igreja de Cristo


A vida de Jesus retratada nos Evangelhos denuncia que Seu ministério era servir tanto a Deus como as pessoas do mundo. Jesus disse que quem deseja ser grande no Reino de Deus, seja aquele que sirva aos outros (Mt. 20.28; Mc. 10.43). A vida do discípulo de Cristo é servir ao Seu Senhor (Jo. 12.26) e, neste serviço, está a abrangência do serviço total a Jesus, pois este serviço está relacionado a toda vida do discípulo e diz respeito a tudo o que ele faz, a todos com quem se relaciona. O verdadeiro culto a Deus é sabermos o que é bom e o praticarmos ( Pv. 3.27), como diz o sábio. Estando na nossa mão o poder de fazer o bem, não devemos recolhê-la para o não realizar em favor de quem necessita de nossa ajuda.
Jesus executou o ofício sacerdotal de maneira perfeita. Ele serviu corretamente em todos as suas ações para com Deus, pois Ele estava atento às necessidades de todos aqueles que estavam a Sua volta, amparando-os e corrigindo-os, vinde a mim os cansados e os oprimidos, pois Eu vos aliviarei (Mt. 11.28).

Por meio de Seu serviço sacerdotal, Ele apresentou suas ofertas a Deus e como serviço a Deus. Ele se ofereceu como oferta de sacrifício para que assim pudesse reconciliar Deus com os homens. O serviço prestado por Jesus não foi apenas seu corpo como vitupério pelos pecados das pessoas, mas o seu amor para com as pessoas oprimidas e necessitadas. Suas obras foram apresentadas a Deus como prova de que Ele as amava como o Pai às ama; sua vida foi sacrificada em prol do Seu próximo, como o profeta Zacarias disse em seu livro, capítulo sete, para aqueles que queriam apresentar seus sacrifícios e jejuns: antes que eles os oferecessem, primeiro deixassem de oprimir as pessoas, parassem de fazer o mal e passassem a praticar o bem para com o seu próximo.

Este é o verdadeiro culto a Deus, é o verdadeiro sacrifício. Quando aprendermos a servir ao próximo, estaremos cumprindo o mandamento divino: amar a Deus e olhar para o nosso próximo e ver nesta pessoa o alvo do amor de Deus. Assim, estaremos agindo como a verdadeira Igreja de Cristo.

Cristo serviu, e suas obras provaram que Ele era do alto. O Ser Igreja Sacerdotal de Cristo é aquela que olha para o mundo e vê a oportunidade de servi-lo de tal forma que todos possam glorificar a Deus por suas obras. A Igreja de Cristo precisa demonstrar suas obras de amor a Deus para que sua adoração e louvor possam ser aceitos por Deus. Este amor é incondicional, a Igreja deve servir sem esperar receber em troca o favor do mundo, prestando contas somente a Deus, e dele esperando sua recompensa.
Neste serviço, a Igreja precisa estar atenta para as necessidades dos irmãos em primeiro lugar, e uma forma deste serviço é a preocupação com a comunhão que todos os crentes devem ter um com o outro e com Deus.

No serviço do Ser Igreja Sacerdotal de Cristo, a preocupação com o outro deve ser a prioridade. Segundo o apóstolo Paulo, na Igreja de Cristo cada um deve considerar um superior a si mesmo (Fp. 2.3), pois como irmandade lavada e purificada pelo sangue de Jesus, o que deve reinar é o amor sincero, não fingido, sem inveja e sem ciúmes. É nesse sentido que a Igreja do passado foi exortada pelos apóstolos do Senhor, pois estes sentimentos são carnais, terrenos e diabólicos (Tg. 3).

Jesus em Seu ministério demonstrou que Ele não pensava em Si mesmo, mas somente em Deus e nas pessoas que estavam em torno dele. O serviço cristão deve ser de igual modo parecido ao de Jesus. Os cristãos devem ser altruístas em tudo o que fazem, ter no coração o único desejo de estar servindo a Deus e a comunidade, nunca pensar em seus próprios desejos, mas pensar sempre no bem da comunidade cristã, como também no bem da sociedade pagã.

Jesus ensinou através da parábola do bom samaritano que nada é mais importante para Deus que a vida humana, por isso o serviço do Ser da Igreja Sacerdotal de Cristo é buscar a todo o custo priorizar a vida de seus membros e das pessoas que fazem parte da criação de Deus, como também de toda a vida no planeta Terra.

Outra forma de assegurar a comunhão da Igreja é o repartir da Palavra e a oração comunitária dos irmãos.
Uma Igreja envolta pela Palavra de Deus cresce em comunhão e amor, as orações comunitárias servem para despertar o amor de um para com o outro, pois as dores de um são a dor do outro, como também as alegrias de uns são a alegria de todos.

O Ser Igreja Sacerdotal de Cristo é Ser uma Igreja voltada para a comunhão de seus membros, acima de tudo entrelaçados pelo amor comum, por meio de Cristo Jesus, pois Ele é o mesmo em todos, o Seu Espírito Santo foi derramado nos corações de todos os cristãos igualmente.

O Ser Igreja Sacerdotal de Cristo é atentar para as responsabilidades para com Deus e para com o próximo daqueles menos favorecidos, daqueles que sofrem por causa da fome, da pobreza, das injustiças, daqueles que padecem por causa das doenças. O mandamento de Jesus é abrangente, atingindo até mesmo os encarcerados, viúvas e órfãos. A prioridade de Deus é para com a vida, seja ela de cristãos ou não cristãos, pois o Senhor é misericordioso para com todos, derramando a chuva e aquecendo a todos sem distinção (Mt. 5.45). De igual modo, devemos também amar a todos, sem distinção de cor, raça, credo religioso ou político, status social. O Ser Igreja Sacerdotal de Cristo é prestar o verdadeiro serviço à semelhança de Seu Senhor, ela se dá em prol dos outros, levando toda a Igreja a prestar verdadeira adoração a Deus pelas suas obras.

O Ser Igreja Sacerdotal de Cristo é saber reconciliar os cristãos aos padrões de Cristo de tal forma que eles poderão servi-lo com todo o coração, e assim viverem conforme a vontade de Deus. A Igreja de Cristo precisa desenvolver este ministério e levar avante o projeto de Deus, no qual a comunhão dos irmãos deve ser priorizada, não com mecanismos humanos, mas pela livre ação do Espírito Santo de Deus, pois somente assim suas obras diante do mundo poderão ser reconhecidas como ação do próprio Deus por meio de Sua Igreja. À semelhança das obras de Cristo, em que todos glorificavam a Deus, assim também o Ser Igreja Sacerdotal de Cristo é proporcionar tal louvor e glória somente a Deus.

O Ministério Real da Igreja de Cristo

Em seu ministério real, Jesus demonstrou que era Filho do Rei. Como tal foi um Rei vivendo no meio de seus súditos, não fazendo caso de Seu título, mas esvaziando-se completamente da "autoridade" da Sua realeza e se entregando ao serviço de Seu povo. Envolvido com seu desejo de fazer prioritariamente à vontade de Deus, Ele cumpriu todas as leis dos mandamentos de Deus, oferecendo Sua vida como sacrifício em favor de Seu povo, como o propósito de reconciliar Deus com o homem caído. Esta determinação estava focada na oportunidade de restaurar a vida dos pecadores aos padrões de Deus, propiciando assim uma nova vida.

Para o estabelecimento desta nova vida, foi necessária a remoção da barreira que separava Deus e os homens, o que foi conseguido com sucesso total por Jesus, pois Ele foi fiel aos princípios de Deus, o que o tornou o único Mediador entre Deus e os homens, e nenhum outro nome existe além do nome de Jesus Cristo.

Por meio da nova vida implantada nos corações daqueles que foram agraciados por Deus, surge agora à responsabilidade da nova vida, como Paulo disse: os que estão em Cristo são nova criatura (II Co. 5.17). E esta nova criatura foi restaurada àquilo que Adão possuía, o livre-arbítrio. Agora, a pessoa restaurada por Deus conhece o bem e o mal, pois ela passou de um estado pecador para um estado justo, assim capacitado por Cristo a discernir o que deve e o que não deve fazer. A lei foi-nos dada como aio, para nos conduzir até Cristo, mas agora fomos emancipados por Deus, pois agora o Senhor implantou em nossos corações a Sua lei, como disse o profeta Jeremias (31.33). Portanto, agora somos responsáveis por todas nossas ações diante de Deus e diante dos homens.

O Ser Igreja Real de Cristo é estar voltada para cumprir a vontade de Deus e nada mais do que isto ou menos do que isto é fazer a diferença verdadeiramente no mundo, é ser luz e sal na terra.

Está claro que a única postura adequada do ser humano (regenerado) perante Deus é a prática de sua vontade. O Sermão do monte aí está para que seja praticado (Mt 7.24ss). É no fazer, apenas, que se consuma a submissão à vontade de Deus. No cumprimento da vontade de Deus o ser humano desiste de todo direito próprio, de toda autojustificação. No cumprimento, ele se entrega humildemente ao bondoso juiz.

O Ser Igreja Real de Cristo é se doar em prol da justiça divina, buscando com todas as suas forças lutar em prol da paz e da harmonia no mundo, pois Ela é sustentada e direcionada pelo próprio Deus e não pelas forças malignas ou pelo espírito humano. Cristo é aquele que dirige Seu povo, dando a verdadeira instrução, aquele que tem ciúmes por nós e geme de tristeza por causa de nossos pecados. Cristo foi para o céu para que pudesse vir o Espírito Santo, aquele que testifica de Cristo, conduzindo os pecadores até Ele, para que conheçam a verdade libertadora.

Para que a Igreja de Cristo seja verdadeiramente este agente de transformação no mundo é necessário que ela tome posse de sua personalidade; e de sua responsabilidade diante de Deus e diante dos homens. É fundamental que ela (e quando falo de Igreja, estou pensando no grupo de todos os crentes em Cristo espalhados por todo o mundo), assuma sua missão de ser submissa a Deus e a Sua lei, para que ela não corra o risco de se tornar alienada do contexto em que ela vive e de que participa.

O primeiro antídoto para essa mistura de alienação secular com pessimismo cristão é a história. A história está repleta de exemplos de mudanças sociais resultantes da influência cristã. Não houve nenhuma outra pessoa como Cristo no mundo que tantas mudanças provaram no mundo; de Sua vida fluiu uma força tão poderosa que foi capaz de arrancar milhões de pessoas da escuridão e trazem-nas para Sua maravilhosa luz.

Toda vez que a Igreja de Cristo se posicionou firme na defesa da verdade divina, os paradigmas humanos foram abalados, o império das trevas foi prejudicado, e o mundo voltou a conhecer um pouco da justiça divina na terra. O Ser Igreja real é Ser submissa totalmente aos princípios divinos, e toda vez que surgir algo contrário a estes princípios a Igreja deve se posicionar contra. O Ser Igreja Real de Cristo é Ser uma Igreja que reconheça que ela deve ser subserviente ao Seu Rei e nada mais e nada menos do que isto.

A igreja de Cristo é a extensão da ação divina na terra; ela é o corpo da cabeça, e o cabeça do corpo é Cristo; logo concluímos que a Igreja deve andar segundo o comando de Sua cabeça. Por isso, a ênfase na submissão da Igreja às ordenanças de Jesus deve ser fundamental para a vida sadia da Igreja, pois somente assim ela será verdadeiramente o Ser Igreja Real de Cristo na terra.

Quando o corpo bem ajustado à cabeça trabalha, ele traz transformações. Esta é a ação verdadeira de uma Igreja marcada para ser vitoriosa e que carrega em seu bojo histórico uma coletânea de pessoas corajosas e submissas à vontade de Deus que venceram as forças malignas e viveram implantando o Reino de Deus na terra.
A Igreja possui o ministério da reconciliação conforme o texto de II Co. 5.18-23. Nesse sentido, a igreja é a agente reconciliadora e deve exercer essa função, assim como Cristo o fez. Ela deve ser a promotora da harmonia entre os pecadores, os fracos, os pobres, necessitados e mediar juntamente às classes mais privilegiadas, a fim de promover a vida e a dignidade entre as classes; não há mais judeus e gentios, pois Jesus reconciliou consigo mesmo a todos, para viverem uma vida harmônica e em paz. Bem aventurado os pacificadores, pois dos tais é o reino de Deus. (Mt. 5.6).

Procedimentos Bíblicos Para uma Vida Feliz

"E também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.(Mt. 16:18).

Gostaria de compartilhar com os irmãos e amigos que sobre a Igreja, a verdadeira Igreja Cristã não se constitui apenas de bonitos e vultuosos prédios e também não basta estar cheia de pessoas no seu interior.

A verdadeira Igreja do Senhor Jesus é muito mais que isso. É um organismo vivo! Representa um Corpo, uma Família, um Rebanho.

Em Mateus 16:13-20 temos a colocação perfeita de Jesus sobre a Sua Igreja. Jesus se refere, respondendo à declaração de Pedro, que a Sua Igreja estaria edificada sobre aquela pedra. Que pedra? Jesus referia-se à própria resposta de Pedro: "Tu és o Cristo o Filho do Deus Vivo”.Jesus queria dizer que a Sua Igreja seria edificada sobre aquele fundamento - que Ele era o Filho do Deus vivo.

A verdadeira Igreja não pode estar baseada em nenhum fundamento humano. A Igreja do Senhor vencerá as portas do inferno, é, portanto uma Igreja vitoriosa e terá completa comunhão com Seu Senhor.

Sobre essa Igreja queremos meditar. O termo Igreja não era desconhecido dos judeus, porém utilizavam mais o termo congregação, principalmente quando se referia ao povo escolhido de Deus (Sl. 82:1 e Nm. 27:14-17). A Igreja significava: associação de pessoas, aqueles chamados e congregados para um propósito.

No original grego, a palavra "edificarei", proferida por Jesus quer dizer "fundar uma família, uma sociedade unida, um povo". Isto é uma dinastia especial de Cristo, uma casa de família espiritual. A diferença em relação às congregações anteriores dos judeus é que a Igreja deixaria de ser apenas um grupo organizado de pessoas, mas uma própria família - a Família de Cristo.

O Seu povo seria escolhido por Ele mesmo, chamado por Seu nome e autoridade, do qual Ele seria o Cabeça, representante e responsável direto. O escritor aos Hebreus em Hb. 3:6 refere-se: "Mas Cristo, como Filho, sobre a Sua própria casa, a qual somos nós, se tão somente...”.

Esse povo escolhido para fazer parte dessa família certamente teria lutas e adversários, por isso o Mestre falou que as portas do inferno não prevaleceriam contra essa Igreja. Com Cristo liderando, guiando esse povo escolhido e família única, não há mal que possa contra ela.

Esta é uma primeira noção sobre Igreja no Novo Testamento: a Família de Jesus. Também encontramos no NT referências à Igreja como sendo um Corpo, o Corpo de Cristo. Jesus é a Cabeça soberana desse corpo. Vejamos Efésios 1:22-23: "E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da Igreja. Que é o Seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos”.

Como um corpo não tem vida sem a cabeça, a Igreja depende de Cristo para ter a sua existência. Da mesma forma que o direcionamento do corpo procede da cabeça, Cristo dirige a Igreja. Da mesma forma que o domínio do corpo vem da cabeça, Cristo que possui o domínio de tudo (Mt. 28:18), domina a Igreja.

Outra comparação feita no NT, da Igreja como Noiva de Cristo, também pertence a este conceito de corpo. A Igreja deve se manter pura, suave e nobre para o encontro com o seu Noivo.

A Igreja também é chamada de Rebanho de Cristo, e Ele é Seu insubstituível e intransferível Pastor. Vejamos João 10:11, 14, 15, 27, 28). Esta comparação da Igreja com um rebanho nos ensina:

Que a Igreja, como um rebanho, contém seres que são guiados, estimados e protegidos pelo seu dono;

Que a Igreja, como um rebanho, é uma unidade, embora se forme de muitos elementos;

Que a Igreja, como um rebanho, é útil ao seu proprietário e a outros;

Cristo fez pelo Seu rebanho, todos os sacrifícios e benefícios possíveis;

Ele deu sua própria vida pela Igreja (Jo. 10:11);

Ele mantém um relacionamento pessoal, conhecendo Suas ovelhas pelos seus nomes, cuidando zelosamente delas (Jo. 10:14, 15);

Ele preserva, defende e dirige Suas ovelhas, dando-lhes o máximo, a vida eterna (Jo. 10:27, 28).

Essa Igreja, comparada a um rebanho, a uma família a um corpo tem sempre abrigo, conforto, direcionamento e proteção. Jesus afirmou que a vitória já está assegurada à Sua Igreja (Mt. 16:18), que estará sempre conosco, como Chefe dessa Igreja, independente do número reunido (Mt. 18:20 e 28:20).

Gostaria de falar agora sobre duas particularidades da Igreja de Cristo: a Igreja Invisível e a Igreja Visível.

A Igreja Visível é constituída por todos os cristãos, os denominados "salvos por Cristo", reunidos em todas as partes do mundo. Sob várias denominações, congregações e instituições. Na Igreja Visível são vistos os salvos e as bênçãos prometidas concedidas à Sua Igreja. A Igreja Visível é a agência divina, visível, militante, para formação da Igreja Ideal. Ela é um meio que Deus usa para concretizar o Seu plano de redenção. Nela podemos ver, visivelmente, a batalha da fé dos crentes, seus testemunhos e sua obra de evangelização em todo o mundo. Também é chamada de Igreja Militante.

As igrejas, como agências de Deus, possuem sedes, organizações, governos, disciplina, ministérios, poderes e promessas concedidas pelo Senhor.

A Igreja Invisível é constituída pelo Corpo Espiritual de todos os eleitos e salvos em Cristo, em todas as épocas e em todos os lugares. É invisível porque o seu número, a sua extensão, não é perceptível aos homens. Ela abrange todos os que estão atualmente na glória e aqueles que para lá ainda serão levados, e entre os quais estão aqueles que agora militam na terra. Também é conhecida por Igreja Triunfante, porque abrange verdadeiramente salvos e eleitos, em contraste com os que meramente se congregam pelas igrejas.

A Igreja Invisível não possui defeitos nem manchas. Todos os que a integram foram lavados pelo sangue de Jesus. Enquanto a Igreja Visível, com suas igrejas particulares pode conter falhas, erros e defeitos, a Igreja Invisível, não. Ela é pura, de conformidade com o plano maravilhoso e soberano de Deus.

Através desse plano, Deus reuniu em um só povo, um só rebanho, com um só Pastor Divino, este Povo Peculiar, Jo. 10:16, integrantes de Sua Igreja, que tiveram seus nomes escritos no Livro da Vida.

A Igreja Invisível procede da Igreja Visível, porém o Senhor conhece os que são seus. Algumas pessoas ditas cristãs, ou que aparentam sinais de vida religiosa, podem iludir os demais membros de uma congregação, mas não enganam o Senhor da Igreja. Ele conhece as Suas ovelhas.

A Igreja Invisível também é chamada de Igreja Triunfante porque é constituída só de regenerados, daqueles que verdadeiramente foram nascidos de novo e tem o seu fundamento no Filho do Deus Vivo, que ressuscitou da morte e que também está vivo, ao lado do Pai. A Igreja é triunfante porque já venceu o Príncipe das Trevas.

Quais são as principais tarefas da Igreja Visível?
O seu alvo: chegar à estatura de Cristo. Ef. 4:13
A sua obra: Evangelizar e discipular. Mt. 28:18-20.
O seu poder: Do Espírito Santo. At. 1:8.
A sua garantia: A presença de Cristo. Mt. 18:20.
As suas armas: São espirituais. Ef. 6:10-18.
Os seus membros: os regenerados. Jo. 3:3.
A sua vida: glorificar a Cristo. Ef. 1:23.
A sua unidade: a fé. Jd. 3.
O seu anseio: a paz e a alegria do Senhor nos homens. Rm. 14: 17-18.

Em suma, é instruir os cristãos, testemunhar o Cristo Vivo - Filho de Deus, e manter-se pura, como a Noiva que há de encontrar-se com o Seu Noivo.

Voltando ao ponto em que iniciamos, a beleza do templo de nossas igrejas não pode encobrir a verdadeira glória da Igreja de Cristo em qualquer lugar. Dentro do templo temos a Igreja Visível, constituída por todos os membros que congregam naquele lugar e temos aqueles que farão parte da Igreja Invisível, Triunfante, aqueles que pelo Sangue do Cordeiro herdarão a Vida Eterna.

Gostaria de conclamar a todos os irmãos e amigos para que sejamos revestidos de um profundo sentimento de responsabilidade. Como membros desse Organismo Vivo que é a Igreja do Senhor, ovelhas do Seu Pastoreio, integrantes da Família de Deus. Não queiramos apenas aumentar a Igreja Visível, mas estejamos preparando, instruindo vidas e acima de tudo vivendo uma vida em direção ao maravilhoso caminho da Igreja Triunfante, onde somente os regenerados, os nascidos de novo, os comprados, as novas criaturas, lavadas e purificadas pelo Sangue do Cordeiro farão parte no Reino de Deus. Amém.


Considerações Finais


O texto bíblico e a sua teologia mostram que Deus confiou uma missão ao povo de Israel, no entanto, Israel fracassou pela sua desobediência e apostasia, embora, Deus havia revelado toda a sua vontade em fazer de Israel um sinal de sua presença e bondade a todos os povos.

Com o advento de Jesus Cristo, rompendo todas as barreiras sócio-político-religiosas, fora transferida à Igreja toda urgência dessa tarefa.

Se Jesus não for levado a sério, a igreja pode justificar sua passividade. O texto bíblico, porém, declara exatamente o oposto. Se Israel que era "considerada" a oliveira boa e, por causa da desobediência, foi rejeitada, quanto mais não rejeitará a oliveira brava, precisamente, nós, a Igreja de Jesus Cristo. À luz do destaque bíblico a complacência e a indolência da Igreja não serão toleradas.

Possa Deus ajudar seu Povo a compreender que a proclamação da Palavra não está confinada às quatro paredes do templo, nem é monopólio da liderança da Igreja. A palavra de Deus não é mais propriedade da instituição, não está mais presa sob a velha ortodoxia alienante e desfigurada. A Igreja é Povo de Deus. Todos participam. Todos podem participar do serviço de ensinar, todos são enviados à missão, todos são responsáveis pela comunidade, todos devem se santificar, "todos somos irmãos" (Mt. 23.8).

Ser Igreja reconciliadora de Cristo é isto: viver de tal forma que demonstre Ser Cristo vivendo hoje no mundo com todos os seus exemplos da mais alta qualidade de vida, do mais alto padrão moral e ético, do mais alto conceito de que é ser humanitário.

Sendo a Igreja a extensão da ação de Cristo no mundo, então ela possui marcas distintas, as quais a revela ao mundo.


Referências Bibliográficas


DICIONÁRIO BÍBLICO VIDA NOVA – DEREK WILLIAMS – ED. VIDA NOVA
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO – GEORGE ELDON LADD – FORÇA EDITORIAL
DICIONÁRIO DE TEOLOGIA – STANLEY J. GRENZ – EDITORA VIDA
ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA – R.N. CHAMPLIN – EDITORA CANDEIA
PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA – O. S. BOYER – EDITORA VIDA
ENCICLOPÉDIA ILUSTRADA DA BÍBLIA – EDITORAS PAULINAS
DICIONÁRIO DA BÍBLIA – JOHN DAVIS – EDITORA JUERP
WWW.CHAMADA.COM.BR



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