sábado, 22 de novembro de 2008

Finalidade do Mundo

Sobre a reflexão filosófica de Farias Brito sobre a morte e o sofrimento, ele destaca a seguinte frase: Filosofar é aprender a morrer (são palavras de Sócrates). Morte, eis a verdade suprema. Morte, eis a palavra terrível com que facilmente se poderá abater o orgulho dos poderosos do mundo, indo tudo fatalmente terminar na lúgubre sentença: Vaidade das vaidades, tudo vaidade.
Brito diz: Eis a verdade suprema, de maneira que não somente a vida é por suas conseqüências uma tremenda decepção, porque toda a vida tem por desenlace a morte, como é ao mesmo tempo e em si mesma um mal irreparável, porque tem por essência a dor e viver é sempre e em toda a parte “esgotar uma série de grandes e pequenas desgraças”.

Depois da morte – nada. Pelo menos nada se pode conhecer e o mais que se pode fazer são conjeturas mais ou menos razoáveis. Sabe-se que a matéria constitutiva dos organismos não se destrói com a morte: ao contrário, obedecendo ao princípio da persistência da força que compreende a indestrutibilidade da matéria e a continuidade do movimento, transforma-se e vai entrar na composição de outros corpos.

Sabemos que naquela nuvem que passa, naquela poeira que sobe, vão talvez pedaços de seres vivos; mas todos estes seres são pó e o pó é o nada. Viver é sentir e a poeira não sente. O que resta, pois, do ser vivo, depois da morte? Pergunta milhões de vezes renovada e nunca respondida.

Brito diz que quando se fala sobre as inúmeras decepções a que estamos sujeitos na vida, quando se fala sobre o sofrimento e a morte, há uma consideração importante a fazer: é que vai muito longe o fato de imaginar para o fato de sofrer uma grande dor, sendo que dificilmente se aproximarão da verdade aqueles que figuram dores por que não passaram ou descrevem sofrimentos que apenas imaginam.

“Tudo tem a sua lógica, até mesmo a morte”. E é então que os destinos da humanidade identificam-se com os destinos da natureza, e o homem, de verme da terra, transforma-se em mecanismo intelectual refletindo a imagem do mundo.

O homem com todas as suas dúvidas e sofrimentos, a sociedade com todas as suas aspirações e trabalhos, os governos em luta contra as revoluções, as religiões em luta contra a anarquia, nada tem segurança, nada tem estabilidade; e a vida da humanidade em geral pode ser reduzida a esta única fórmula: incerteza e fragilidade. Entretanto, conclui Brito, considerando as cousas por outra face, tudo é ao mesmo tempo vaidade, ilusão, orgulho. Não há, porém, dificuldade em mostrar de que lado está a aparência e de que lado está a realidade.




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