sábado, 22 de novembro de 2008

A Segunda Carta Aos Tessalonicenses

VISÃO GERAL


Fundada em 315 aC pelos macedônios, Tessalônica obteve do imperador Augusto os privilégios de “cidade livre”, com administração e tribunais próprios (At. 17,5-8). Tornou-se bastante próspera, pois dispunha de um bom porto. Paulo ali chegou em 50/52, procedente de Filipos. Falou durante alguns sábados aos judeus na sinagoga (At. 17,2). Depois passou alguns meses pregando com sucesso entre os pagãos (At. 17,4; 1Ts. 1,1. 9; 2,14-16). Os judeus, movidos de inveja, provocaram um motim, forçando a saída precipitada de Paulo e Silas para Beréia (At. 17,5-12). Expulso também desta cidade por instigação dos mesmos agitadores, Paulo se dirigiu a Atenas (At. 17,13-15). De lá enviou Timóteo de volta a Tessalônica a fim de consolidar a comunidade (1Tm. 2,18–3,5).
Após o insucesso de Atenas, Paulo se dirigiu a Corinto onde Silas e Timóteo foram encontrá-lo (At. 18,1-5).
Alguns meses após ter escrito 1Ts. Paulo recebeu novas notícias de Tessalônica (2Ts. 3,11). A comunidade mantinha-se firme na fé no meio de constantes “perseguições e tribulações” (2Ts. 1,4). Havia, porém, alguns que, baseando-se em pretensas revelações, explicações orais ou escritas do apóstolo, anunciavam estar iminente o dia do Senhor (2Ts. 2,2), com reflexos negativos na conduta (2Ts. 3,6. 11). Paulo escreve por isso a 2Ts. para corrigir os erros e esclarecer melhor sobre a vinda do Senhor (2,1-12), exortar na fé (2,13–3,5) e advertir contra a ociosidade (3,6-15).
Há dúvidas sobre a autenticidade da 2Ts., especialmente em razão de seu posicionamento escatológico, algo diverso da 1Ts. Em 1Ts. 4,15-18 Paulo parece contar com a possibilidade da parusia iminente que o surpreenderá (5,1s) ainda em vida (5,10). Em 2Ts 2,2 é corrigida tal concepção. Mas a grande semelhança no estilo, na linguagem e na teologia entre 1Ts. e 2Ts. explica-se melhor admitindo que Paulo escreveu 2Ts. pouco depois de 1Ts.
Paulo não ensina a proximidade da parusia. Usa das imagens apocalípticas judaicas para colocar o cristão na perspectiva da esperança cristã. Não adianta especular sobre o dia ou a hora (1Ts. 5,2; Mt. 23,43), porque o Senhor virá como um ladrão. O que importa não é saber se na vinda do Senhor estaremos entre os vivos ou entre os mortos. O que importa é estar vivo ou morto, unido a Cristo (1Ts. 5,9-10), na esperança de estar um dia para sempre com ele (4,17).


ESBOÇO

II TESSALONICENSES

1. Saudação (1:1, 2)
2. Gratidão e Advertência Sobre o Juízo Final (1:3-12)
3. O Equilíbrio da Comunidade e a Presença do Adversário (2:1-12)
4. Gratidão Pelos Anciãos e Exortação à Confiança (2:13 - 3:5)
5. A Postura Antes da Parousia (3:6-16)
6. Saudações Finais (3:17-18)


O DIA DO SENHOR

O aspecto específico da vinda do Senhor, a que se da ênfase neste primeiro capítulo, é o de ser ela um dia de terror para os desobedientes.
Em 1 Ts. 4 Paulo dissera que Cristo desceria do céu e, ouvida a voz do arcanjo, a Igreja seria arrebatada para ficar para sempre com o Senhor.
Aqui, acrescenta que o Senhor se acompanhará dos "anjos do seu poder em chama de fogo", v. 7, para tomar vingança, contra os desobedientes. Jesus falara de "fogo eterno", Mt. 25:41, o “fogo inextinguível", Mc. 9:43. Em Hb. 10:27 "fogo consumidor" esta relacionado com o dia do juízo. Em 2 Pe. 3:7, 10 declara‑se que a terra esta destinada a ser queimada a "fogo".


APOSTASIA

O propósito expresso desta epístola foi prevenir os tessalonicenses de que a vinda do Senhor não estava imediatamente próxima; que não ocorreria senão depois da apostasia.
Que é a apostasia? Chama‑se o "desvio" de alguém denominado "homem do pecado", que professa ele próprio ser Deus no santuário de Deus, e se levanta contra o mesmo Deus, v. 3, 4. Uma falsa igreja dirigida por um impostor.
Os primitivos pais da igreja unanimemente esperavam um anticristo pessoal, a manifestar‑se depois da queda do Império Romano.
Os reformadores protestantes, em contato direto com a horrível cor­rupção da Igreja da idade Media, criam que o papado, instituição que tem por cabeça uma pessoa, que usurpa para si autoridade que só pertence a Cristo e é responsável pela corrupção dominante, era uma manifestação do homem do pecado.
Em nossos dias, depois de 2.000 anos de História da Igreja, há ainda muita diferença de opiniões. Muitos são os que pensam referir‑se a um perío­do que precede imediatamente a vinda do Senhor.
O espírito da coisa já operava nos dias de Paulo, v. 7. A História da Igreja em sua generalidade, mesmo até hoje, oferece um quadro triste.


A IDÉIA DE PAULO SOBRE A SEGUNDA VINDA

É muito comum ouvir certa classe de críticos dizer que Paulo "teve de reformar suas idéias a respeito da vinda do Senhor" que seu "primeiro ponto de vista, mais imaturo", con­tradiz seu parecer posterior. Absolutamente, não é verdade. O primeiro ponto de vista de Paulo foi não apenas o primeiro, como o último e o de sempre. As Epístolas aos Tessalonicenses são os seus primeiros escritos, que existem. Nelas declarou, especificamente, que não esperava a aparição imediata do Senhor, e que esta não se daria senão depois da apostasia, a qual em seus dias apenas começava a operar. Pode não ter sido reve­lado a Paulo o que seria a apostasia. Mas qualquer que fosse a sua idéia a respeito, não afastava a possibilidade de o Senhor vir ainda em seus dias, o que se evidencia pela expressão "nós, os vivos", 1 Ts. 4:15; 1 Co. 15:52. No principio como no fim, Paulo via na Vinda do Senhor uma glo­riosa consumação, ao mesmo tempo antecipava a eventualidade, na morte, de "partir para estar com Cristo", Fp. 1:23; não importando muito se fosse no corpo ou fora dele, ao tempo da vinda. Escrevendo suas ultimas palavras, 2 Tm. 4:6, 8, a aproximação de sua "partida", tinha a mente concentrada na "aparição" do Senhor.


OS DESORDEIROS

"Oral por nós... para que sejamos livres dos homens perversos e maus", v. 1‑2. Nesse tempo, Paulo estava atribulado em Corinto. A oração deles foi respondida, At. 18:9‑10.
Os desordeiros, v. 6‑15, eram pessoas indolentes que, prevalecendo‑se da caridade da igreja, 1 Ts. 4:9‑10, e apresentando a expectativa da vinda imediata do Senhor como pretexto para abandonarem suas ocupações ordinárias, diziam‑se com direito de serem sustentadas pelos irmãos que tinham recursos.
Embora advogasse, ardentemente, a beneficência em favor dos real­mente necessitados, e embora houvesse gastado muito do seu tempo a arrecadar ofertas para os pobres, Paulo não usou de rodeios em condenar os fisicamente capazes, que podiam, mas não queriam, trabalhar. Paulo proíbe, expressamente, que os irmãos sustentem os tais; vai a ponto de ordenar que a igreja se afaste da convivência de tais pessoas.
Não há nada, no ensino de Paulo ou de Cristo nem em parte alguma da Bíblia, que inculque fazer‑se caridade a preguiçosos, que podem trabalhar, mas cuja profissão é andar pedindo.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


- Manual Bíblico – H. H. Halley – Vida Nova
- CD Bíblia sagrada Seafox.
- CD Bíblia sagrada Laicus.

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