sábado, 22 de novembro de 2008

A Idéia do Ser em Hegel

1. Introdução

Filósofo da Totalidade, do Saber absoluto, do Fim da história, da Dedução de toda realidade a partir do Conceito. Filosofia da Identidade, que não concebe espaço para o contigente, para a diferença. Filósofo do estado prussiano, que hipostasiou o Estado. Todas essas são algumas das recepções da filosofia de Hegel na contemporaneidade.

Considerado o último grande metafísico da História da Filosofia, Hegel é, sem dúvida, o filósofo mais radical do idealismo Alemão cujas teses filosóficas apresentam maior complexidade. Apesar disso, sua filosofia teve uma significativa influência nas principais correntes filosóficas de nossa época, como, por exemplo, a fenomenologia, o existencialismo, e, principalmente, o materialismo dialético.

Nestas breves laudas, faremos o resumo analítico da “idéia do ser” em Hegel. Influenciado principalmente por Parmênides e Heráclito, analisaremos o seu pensamento, seus pressupostos e sua ortopraxia.

2. A Idéia do Ser

O intelecto é o ponto de partida da lógica hegeliana, é o primeiro momento do Espírito, é o momento mais abstrato, é a primeira tentativa de se identificar o Ser. Sob a influência do pensamento parmenídico, Hegel concebe o Ser como o verdadeiro começo da lógica. O Ser seria o pensamento pensado por si, é o estagio mais abstrato e vazio, somente dependendo dele mesmo. O Ser é o fundamento da ciência, afinal não existe nada antes dele, é a primeira parte do pensamento, estando no reino da imediatidade e da indeterminação.

Esta primeira parte do pensamento, se encontra no plano subjetivo, possuindo apenas um aspecto parcial da razão. Porém, o Ser não é um simples resultado, sendo o começo, exige-se que ele esteja sustentado sobre si mesmo, de forma que ao progredirmos ele se mostre como uma regressão àquilo que foi tomado como verdadeiro, como fundamento, que assumirá determinações que surgem através de deduções exatas do que é último, e fundamento posteriormente retornando a si mesmo, em um movimento circular.

O Ser é uma unidade que nos leva ao saber, que constituirá como conteúdo do Ser. Neste primeiro estágio, o intelecto, o Ser, apresenta-se como pura indeterminação, apresenta-se como o vazio, ou seja, o nada. No intelecto, o Ser é igual ao nada, neste princípio contém em si o Ser e o nada numa mesma unidade. O ser enquanto indeterminação precisa do nada, sendo os dois elementos que nos levam ao conhecimento. Por se apresentarem como determinações imanentes ao Ser, pelo movimento de dupla negação, vão garantir a unidade entre o Ser e o nada.

Todavia, esta representação não pode ser resolvida desta maneira. Para compreendermos o que realmente acontece, precisaríamos de entender por via da metafísica tradicional, na qual veríamos o Nada como o não-ser. Teríamos desta forma duas proposições: 1 – “O Ser é”; 2 – “O não-ser não é”;nestas duas proposições notaremos duas coisas: 1 – Tanto no Ser quanto no Nada estão em completa indeterminação; 2 – Estamos diante de dois opostos que se mostram; um como pura afirmação, o Ser, e o outro como pura negação, o não-ser. A partir daí ocorrerá uma dupla negação, onde o Ser se afirmará diante do não-ser. Tentaremos explicar como isso acontece. Se fizermos a seguinte negação: “O Ser não é”, notaremos que estamos falando exatamente no não-ser, desta forma notamos que o Ser se converteu no não-ser, seguindo o mesmo exemplo, ao afirmarmos “o não-ser é” haverá uma conversão imediata do não-ser em Ser. É através da dupla negação que os opostos, convertem-se em seu contrário.

Desta mesma forma, ocorre através da relação entre o Ser e o nada. O Nada como completa negação do Ser, ou seja, o não-ser, ao ser negado pelo Ser, e o Ser quando é afirmado pelo não-ser, ou seja o Nada, as diferenças entre um e o outro são suprassumidas, devido ao caráter de indeterminação que os dois apresentam.

A igualdade entre o Ser e o Nada, reside no fato de que tanto um, quanto o outro, não possuem conteúdos, e é esse fato que leva a dizer que tanto o Ser quanto o nada são iguais, embora sejam diferentes.

3. Considerações Finais

Concluímos, a partir de nossas reflexões, que o cerne do sistema hegeliano parte de dois princípios ontológicos: 1º – “Ser é, nada não é” (Parmênides); 2º – “O Ser é tampouco como não ser, o devir é e também não é” (Heráclito). Por conseguinte, Hegel deixa transparecer a influência desses dois pensadores gregos na formação de seu sistema filosófico. Assim, ao analisarmos a Doutrina do Ser, vimos à identificação do Ser com o Nada, na pura imediatidade e indeterminação; portanto, o que ele quer dizer é que para se conhecer um ser em particular é necessário que o nosso objeto cognoscente esteja inserido em um todo.

4. Referências Bibliográficas

HEGEL, G.W.F. Fenomenologia do Espírito, Vols. I e II, Editora Vozes,
Petrópolis, 1992.

ARISTÒTELES. Metafísica, Editora Gredos, Madrid, 1990

BORNHEIM, GERD A. Os Filósofos Pré-Socráticos. São Paulo,
Editora Cultrix, 1994.


Um comentário:

  1. Muito boa a explicação! Mas, tinha um interesse, e quem sabe o colega pudesse me ajudar. Qual o ponto central do pensamento de Hegel que influencia parte do pensamento de Dietrich Bonhoeffer?

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