sábado, 22 de novembro de 2008

O Generalismo

Não Há Normas Universais

A maioria das posições éticas rejeita a posição antinomista de nenhuma norma, a favor de algum tipo de guias relevantes para a tomada de decisões. Uma maneira clássica de evitar o antinomismo, de um lado, é o conflito de muitas normas absolutas, do outro, é por meio de sustentar a existência de muitas normas éticas de aplicação geral, mas não universal. Esta posição é chamada generalismo.
Os representantes clássicos do generalíssimo podem ser chamados de utilitaristas.

O Generalismo Explicado

O generalismo acredita no valor das normas éticas para ajudar o indivíduo a determinar qual ação provavelmente trará o máximo bem para o maior número de pessoas, no entanto usualmente repudiam as normas universais que representam o valor intrínseco. Os utilitaristas das regras dizem que as regras não devem ser quebradas, por causa dos valores extrínsecos dos bons resultados de guardar a regras. Mas a regra guardada é não porque é, de fato, universalmente errado fazer este ato proibido, mas somente porque fazer exceções a qualquer regra é que é uma praxe que leva mais mal do que bem. Noutras palavras, o ato não é julgado por seu valor intrínseco e universal, mas, sim, pelos seus resultados.


Jeremy Bentham - O Utilitarismo Quantitativo

Os utilitaristas são os herdeiros dos hedonistas (ou o princípio do prazer) que acreditam que o prazer é o sumo bem para o homem. Foram os antigos seguidores epicuristas que propuseram a doutrina clássica de que procurar o prazer físico e evitar a dor física é o alvo principal da vida.
Além disto, se um homem rejeita o princípio utilitarista a favor de seu próprio sentimento, em primeiro lugar, que pergunte a si mesmo se seu princípio não é despótico, e hostil a todo o restante da raça humana, e em segundo lugar, se não é anárquico, nesta base não há tantos padrões diferentes do certo e do errado.
Ao aplicar o cálculo do prazer a um grupo de pessoas, sete fatores devem ser considerados ao determinar o valor do prazer: A intensidade, a duração, a certeza ou incerteza, a proximidade com a distância remota, a fecundidade, a pureza de extensão. Destarte, para fazer um cálculo final do bem de um ato para um grupo, deve se determinar primeiramente quanto mais prazer dará para cada indivíduo, e depois somar todos estes. O saldo total do prazer sobre a dor dará a tendência boa e geral do ato. Se houver mais mal do que bem, então a tendência geral para o mal será revelada.
Parece estar ele falando do prazer e da dor física, visto que são medidas pela intensidade e pela duração. Ele procurou em anos posteriores suavizar as implicações hedonistas disto ao notar que alegria e felicidade talvez sejam palavras melhores para descrever aquilo que queria dizer por prazer. Mesmo assim, não negava o modo materialista segundo o qual esta felicidade deve ser medida, não expressou nenhum modo matemático de calcular.


John Stuart Mill - O Utilitarismo Qualitativo

Ele argumenta que os prazeres são diferentes no seu tipo, e os prazeres mais altos devem ser preferidos aos inferiores. Os prazeres não diferem entre si meramente na sua quantidade nem em sua intensidade. Um deles é superior ao outro e mais valioso do que ele simplesmente porque a maioria das pessoas que experimentam ambos decididamente preferem um ao outro.
A razão por que os seres humanos dão preferência marcante a alguns prazeres como sendo superiores é que têm faculdades mais altas do que os animais. Nenhum ser humano inteligente consentiria em ser um tolo... Ainda que fosse persuadido de que o tolo, o bobo, o velhaco, estejam mais satisfeitos com o seu destino do que ele conseguiu. É melhor ser um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito; melhor ser um Sócrates insatisfeito do que ser um tolo satisfeito. E se o tolo e o porco tem opinião diferente, é por que o porco conhece somente um lado da questão; o tolo conhece os dois lados.
Em síntese, os prazeres cultos são superiores aos prazeres incultos. Os prazeres intelectuais são superiores aos prazeres sensuais, e assim por diante. Há uma diferença qualitativa entre eles, e a pessoa é obrigada a buscar o tipo superior de prazer para o maior número de pessoas.
A posição utilitarista não está sem normas. Ele se refere a grande utilidade da norma da veracidade. Mas, que até mesmo esta regra, por mais sagrada que seja, admite exceções, é reconhecido por todos os moralistas. Ou seja, contar a verdade é uma regra geral, com algumas exceções (é certo mentir para salvar uma vida), que pode guiar alguém para fazer aquilo que trará ao máximo o bem ao maior número de pessoas.
Ele reconhece que nem sempre se pode calcular as conseqüências das suas ações. É precisamente por isso que regras e normas são necessárias. A humanidade adquiriu crenças positivas quanto aos efeitos de algumas ações sobre sua felicidade. E as crenças que assim foram transmitidas são as regras da moralidade para multidão, e para o filósofo até que este tenha conseguido achar algo melhor. Em resumo, as regras, crenças, códigos, são moralmente válidos para adiar as decisões humanas na direção de aumentar ao máximo o bem na sociedade, mas nenhuma destas regras é universal. Nenhuma delas está isenta de exceção; todas elas devem ser quebradas em prol do princípio da utilidade, quando o bem maior está correndo risco.
Só porque há somente um alvo ulterior (a felicidade) em direção do qual toda moralidade dirigida, não quer dizer que não possa haver muitas normas morais que nos dirige em direção aquele único alvo. Significa, apenas, que estas muitas normas não são absolutas e que quando entram em conflito, o conflito deve ser resolvido pelo princípio utilitarista.
Argumentava que os prazeres são diferentes no seu tipo, e os prazeres mais altos devem ser preferidos aos inferiores. Os prazeres não diferem entre si meramente na sua quantidade nem em sua intensidade. Um deles é superior ao outro e mais valioso do que ele, simplesmente porque a maioria das pessoas que experimentam ambos decididamente preferem um ao outro.


C.G. Moore - Regras Gerais e a Obediência Universal

As regras e as normas são geralmente úteis, mas não são realmente universais. Nunca poderemos ter direito a mais do que uma generalização. E até mesmo esta generalização somente será verdadeira se circunstâncias segundo as quais a ação ocorre forem geralmente iguais.
De fato, as regras éticas não são realmente categóricas mas, sim, revelam-se somente hipotéticas. A regra geral universal depende de certas condições que são consideradas necessárias para conservação da sociedade. Por exemplo, é usualmente pressuposto que a castidade seja necessária para evitar os ciúmes conjugais e para preservar a afeição paterna, e que essas duas condições são necessárias para conservar a sociedade. Mas não é difícil imaginar uma sociedade civilizada existindo sem elas. Logo, a castidade é apenas uma regra geral e condicional que poderia ser deixada se a sociedade pudesse sobreviver sem ela.
Ele argumenta, no entanto, que o indivíduo nunca deve desobedecer uma regra que a maioria dos homens considera verdadeira de modo geral, há uma grande probabilidade de que seria errado quebrar a regra em qualquer caso específico. Ele escreveu: "Não pelo motivo de que, em cada caso específico será útil, mas pelo motivo de que em qualquer caso específico a probabilidade de que será assim, é tanto maior do que aquela de nós termos a probabilidade de decidirmos corretamente que temos diante de nós, um exemplo da sua inutilidade... em resumo: Embora possamos ter certeza de que haja casos em que a regra possa ser quebrada, nunca podemos saber quais são aqueles casos e, portanto, nunca devemos quebrá-los.
Argumentava apenas que algumas regras nunca devem ser quebradas, por causa da sua utilidade geral e por que a pessoa não poderia ter certeza de que seu caso fosse uma exceção legítima, e ainda que fosse, outras más conseqüências e más influências, que a contrabalançeariam, resultariam fazer dela uma exceção.


D. John Austin - Nenhuma Regra Geral Deve ser Quebrada

Sua posição é decididamente utilitarista porque a justificativa para guardar as regras são apenas, nos bons resultados que a guarda das regras traz. As regras são justificadas se conservá-las traz um bem maior e/ou se quebrá-las traz um mal maior para a sociedade. As regras, no entanto, não dizem respeito a fatos específicos ou individuais, mas, sim, a classes ou tipos de atos.
Exceções não devem ser feitas por que os resultados gerais de desobedecer as regras gerais são geralmente maus.
Ele argumenta que regras a cerca de uma classe de ações, quando praticadas de modo geral, trouxessem bons resultados, nunca deveriam ser quebradas.

As Vantagens do Generalíssimo

Há pelo menos três valores do generalismo que dizem respeito ao estudo normativo empreendido. Primeiramente, oferece uma possível solução para normas conflitantes. Em segundo lugar, o generalismo reflete uma necessidade de normas. Finalmente, alguns generalistas até mesmo argumentaram em prol de normas inquebráveis.
O generalismo não oferece uma solução para nosso problema paradigmático, do que se deve fazer quando há um conflito de dever, assim como entre contar a verdade e salvar vidas. Para alguns realistas, pois, não há regras universais que realmente não tenham uma exceção. Na melhor das hipóteses são apenas normas que podem ser quebradas se a ocasião assim o exigir. Desta maneira, mentir para salvar uma vida pode ser certo, embora mentir seja geralmente errado.
Há um só fim absoluto e todos os meios são relativos aquele fim. Qualquer caso determinado quando com um conflito de meios ou normas, pode ser resolvido por um apelo direto ao utilitarismo. Se, nessa situação, mentir seria mais útil ou vantajoso para a maioria dos homens, então se deve mentir.
Em síntese, se alguém está procurando normas relevantes para conduta, as quais sempre deve seguir por que o orientarão na prática de atos que sempre são a coisa certa para se fazer, então sofrerá uma decepção no generalismo. O melhor que o generalismo pode oferecer é um jogo de regras gerais que nem abrangem todos os casos nem deixam que haja conflito entre si, e para as quais, a fim de que sejam eficazes, devem possuir algum outro meio de aplicá-las em casos específicos e freqüentemente cruciais.
O generalismo é uma posição mediadora, evitando a posição de nenhuma norma e oferecendo uma reconciliação quando há um conflito entre normas aceitas.





3 comentários:

  1. preciso saber: o que se deve levar em conta no generalismo?

    ( )os resultados analíticos
    ( )os resultados sintéticos
    ( )os resultados absolutos

    Se possível me responda até sexta-feira dia 30/08/2013. Obrigad@!!!

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    1. Acho que é resultados absolutos meu caro amigo anônimo!!!

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  2. Ética cristã de Norma L. Geisler seria a fonte de pesquisa de seu artigo?

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